Espera-se que a economia do Brasil esfrie este ano em meio a um cabo de guerra financeiro

©Reuters. Foto de arquivo: Clientes fazem compras em uma loja em São Paulo, Brasil, 19 de outubro de 2016. REUTERS/Paulo Whittaker/Foto de arquivo/Foto de arquivo

Escrito por Gabriel Borin

BUENOS AIRES (Reuters) – A economia do Brasil deverá desacelerar este ano em meio a um intenso cabo de guerra entre o governo e alguns legisladores sobre qual setor deveria arcar com os custos dos ajustes necessários para cumprir metas orçamentárias ambiciosas, mostrou uma pesquisa da Reuters.

O PIB aumentou mais do que o esperado em 2023 devido, em parte, ao aumento do otimismo dos investidores em relação aos esforços do Ministro das Finanças, Fernando Haddad, para corrigir desequilíbrios profundos. Mas o quadro nessa frente é agora mais confuso.

O lado fiscal do país “continua a ser o elo mais fraco entre os fundamentos macroeconómicos”, escreveram num relatório analistas do Rabobank, alertando para um potencial aumento dos riscos de mercado se o governo eventualmente reconhecer uma realidade orçamental sombria.

O crescimento da principal economia da América Latina deverá desacelerar para 1,6% em 2024, ante 3,0% em 2023, de acordo com a previsão média de 50 economistas entrevistados de 8 a 18 de janeiro. As estimativas para este ano variaram entre 0,4% e 2,5%.

Por um lado, a despesa pública pode dar à economia um impulso extra através do reembolso do atraso da dívida federal que tem estado no limbo e da implementação de cortes menores no plano especial de investimento federal conhecido como PAC.

“Há surpresas positivas em relação às medidas financeiras recentemente aprovadas, à liquidação do atraso de pagamentos ordenados judicialmente e aos efeitos colaterais do programa PAC”, disse João Lemi, analista da consultoria Tendências.

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Contudo, as tendências fiscais globais começam a causar preocupação, com os gastos para financiar os planos sociais do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuando a aumentar mais rapidamente do que as receitas federais, apesar de várias iniciativas fiscais de Haddad.

Entre janeiro e novembro de 2023, o défice primário atingiu 114,6 mil milhões de riais (23 mil milhões de dólares), refletindo um excedente de 49,7 mil milhões de riais no mesmo período do ano passado, e o resultado de novembro ficou novamente abaixo das expectativas.

Para aumentar a pressão sobre o orçamento, os legisladores derrubaram no mês passado um veto presidencial a um projecto de lei aprovado pelo Congresso que concedia alívio financeiro a empresas e municípios, totalizando cerca de 27 mil milhões de riais.

Em resposta, o governo revelou ajustamentos fiscais para limitar os benefícios em vários sectores através de uma ordem executiva que vigora por quatro meses, mas que ainda requer a aprovação do Congresso para exceder esse período.

A equipa económica também começou a discutir a possibilidade de reintroduzir impostos impopulares sobre importações no valor de até 50 dólares, uma medida que provavelmente enfrentará reclamações de retalhistas e consumidores.

À medida que aumentam as divergências, espera-se cada vez mais que a administração Lula não consiga atingir o seu objectivo de reduzir o défice primário a zero. A média de ligações de oito bancos compilada pela Reuters mostrou que caiu para apenas -0,8% do PIB, de -2,2% em 2023.

“Não esperamos que o governo consiga fechar o déficit em 2024”, disse Flavio Serrano, economista-chefe do Banco BMG. “O maior desafio para o governo será aumentar as receitas num ambiente de crescimento real dos gastos obrigatórios.”

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Os mercados financeiros permaneceram bastante calmos, com a moeda local oscilando em torno de 5,0 por dólar americano. O rial deve permanecer próximo deste nível por pelo menos um mês, já que a atividade no Carnaval (NYSE:) termina em fevereiro.

O primeiro relatório bimestral sobre receitas e despesas, previsto para março, “será crucial para determinar a dimensão do congelamento orçamental geral que será necessário para garantir a adesão à meta zero”, disse Roberto Siemski, economista do Barclays.

“Em vez disso, poderá reabrir o debate sobre potenciais mudanças na meta, o que prejudicaria a credibilidade financeira.”

No resto da região, a economia do México deverá crescer 2,2% este ano, enquanto o PIB da Argentina deverá contrair 2,3%.

(Veja outras histórias da Pesquisa Econômica Mundial da Reuters:)

($ 1 = 4,9279 riais)

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