Destaque: como a licitação Mega 5G do Brasil atingiu um impasse

Destaque: como a licitação Mega 5G do Brasil atingiu um impasse

A licitação 5G no Brasil, a maior licitação de espectro já planejada na América Latina em quantidade de bandas a serem ofertadas, chegou a um novo impasse.

Na reunião desta segunda-feira, o presidente da Organização das Comunicações, Leonardo de Moraes, solicitou mais tempo para analisar as regras finais da licitação propostas pelo relator Carlos Baigori.

Na sexta-feira, Baigori surpreendeu a indústria de telecomunicações ao listar requisitos que não foram inicialmente contemplados.

O Conselho de Administração da Anatel deve se reunir para encerrar a votação no dia 24 de fevereiro, o que pode prejudicar o cronograma previsto para o processo de licitação até junho.

Antes da solicitação de Moraes, três dos cinco conselheiros da Anatel votaram a favor dos termos, embora sua posição ainda pudesse ser modificada na conclusão das discussões.

Entre os pedidos “inovadores” de Baigorri, dois se destacaram: um consistia em empresas de telecomunicações construindo uma rede “pura 5G”, ou 5G autônomo Em termos técnicos. Isso significa não levar em consideração a infraestrutura de rede 4G LTE existente, por exemplo.

“Não estou dizendo arriscado, mas é realmente uma inovação. Não me lembro da Anatel fazer nada parecido antes. [the rapporteur] A proposta é acelerar o investimento que será feito ao longo dos anos. Mas Ari Lopez, analista-chefe da Omdia para a América Latina, disse ao BNamericas: “Mas não acho que isso cause incerteza jurídica.”

Baigori argumentou que o 5G autônomo é mais robusto, permite novos modelos de negócios e incentiva o openRAN e diversifica mais fornecedores. No entanto, algumas operadoras e entidades de telecomunicações consideram os requisitos de tecnologia 5G independentes um risco para o investimento da indústria.

Rede Governamental, Fibras Amazônicas

A outra “inovação” que apareceu nas condições finais da licitação referia-se à obrigação de o produto da licitação também financiar a construção da infraestrutura de uma “rede de comunicações privadas fixas e móveis da Administração Pública Federal”, segundo o Ministério de diretrizes de comunicação que também foram emitidas na sexta-feira.

Essa rede será utilizada apenas por órgãos do governo da capital, Brasília. Ficou claro que essa infraestrutura teria requisitos cibernéticos específicos, mas nenhum detalhe foi revelado sobre o funcionamento da rede.

“[Such] Redes ad-hoc não são novidade no mundo. Países como os Estados Unidos têm essas regras. É até ideal, porque os serviços de emergência, por exemplo, poderiam ter acesso a vídeo de alta qualidade e à Internet ”, disse Lopez, que acrescentou que não se esperava a inclusão desta cláusula no edital.

O Ministério das Comunicações afirmou que a implementação e operação desta rede poderão ser realizadas por uma empresa privada ou pela estatal Telebrás. O problema é que a Telebrás está na lista de privatizações do Ministério da Economia.

Uma fonte do Ministério das Comunicações, que pediu anonimato, disse ao BNamericas que a coordenação da rede privada federal ainda pode ser revista pelo governo.

Ao que tudo indica, este foi um compromisso que o Ministério das Comunicações encontrou para acalmar, no governo do presidente Jair Bolsonaro, a ala que se opõe à participação da Huawei na licitação 5G.

A empresa chinesa poderá fornecer em geral equipamentos para redes móveis, mas não para aquelas que o governo usará devido aos requisitos mais rígidos.

Até o momento, o caso da Huawei permanece não especificado, disse Bolsonaro em entrevista recente à CNN Brasil.

Nos próximos dias, o ministro das Comunicações, Fabio Varia, visitará cinco países fornecedores de aparelhos de telefonia móvel: Suécia (Ericsson), Finlândia (Nokia), Japão (NEC) e Coreia do Sul (Samsung), além da China (Huawei).

No que diz respeito à rede privada, o grupo comercial local Feninfra, que reúne empresas de infraestrutura e manutenção de telecomunicações, disse que as exigências do ministério, seguidas das de Baigorri, surpreenderam e podem “atrapalhar e atrasar a agenda 5G” por criar “dúvidas e dúvidas, ”a começar pelos riscos de redução do número de Licitantes”.

A Feninfra encara com preocupação a obrigatoriedade de construção de uma rede de semi-água na Amazônia, que também consta da recomendação do ministério e das exigências de Baigorri, pois pode aumentar os custos de implantação do 5G no país.

Veninefra pediu o adiamento da votação dos termos da licitação.

“Queremos uma reunião urgente com as autoridades competentes para obter os esclarecimentos necessários antes de continuar o processo”, disse Viviane Surwaji, presidente da Vivenifra, em nota.

As operadoras também divulgaram comentários sobre esse assunto.

A Conexis Brasil Digital, que reúne as maiores operadoras, aderiu ao edital de adiamento da votação dos termos 5G.

A associação comercial disse em nota divulgada antes da reunião da Anatel que o atraso permitiria “ao setor avaliar adequadamente as mudanças introduzidas” nos termos.

Konksis explicou que o esclarecimento desses pontos é “fundamental para garantir a segurança jurídica e regulatória do processo” e que as empresas participem da licitação.

Condições, como são

No total, de acordo com a proposta de Baigorri, a Anatel planeja oferecer 3,7 GHz a 700 MHz (20 MHz de espectro), 2,3 GHz (90 MHz), 3,5 GHz (400 MHz) e 26 GHz (3,2 GHz)).

Do lado oposto, para os licitantes nas faixas de 700 MHz, a cobertura 4G será exigida para todos os municípios sem essa tecnologia e para as principais rodovias do país até 2025.

Atualmente, o 4G atinge 5.138 municípios de um total de 5.570 municípios no Brasil.

Na banda de 3,5 GHz, que é a principal banda do 5G, a Anatel quer que as capitais tenham a tecnologia até o final deste ano.

De acordo com o cronograma proposto, cidades com mais de 200.000 habitantes devem ter 5G até junho de 2023 e todos os outros municípios até junho de 2024.

Além disso, pequenos municípios com uma população de 30.000 habitantes devem ter pelo menos duas antenas 5G até 2027. Isso representa aproximadamente 44.000 antenas nesses municípios.

Não há compromissos 5G específicos para a banda de 26 GHz.

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