Como é ser empreendedor no Brasil?

O Brasil tem 21,7 milhões de empresas ativas, mas a grande maioria (14,5 milhões) são empreendimentos individuais. Além disso, cerca de um terço dos negócios são abertos no país todos os anos Não alcance Seu segundo ano. Isso nos diz muito sobre o tipo de empreendedorismo que a economia brasileira continua a incentivar. Desde a pesada carga burocrática até aos elevados impostos, vários factores contribuem para a baixa taxa de sobrevivência de novos negócios.

Apesar da recente recuperação da economia do país e da flexibilidade do mercado de trabalho, está em dia Estatisticas Dados do Ministério da Indústria e Desenvolvimento do Comércio indicam que a taxa de encerramento de novas empresas é superior à taxa de abertura de novas empresas.

Apenas nos primeiros meses de 2024, por exemplo, foram abertas quase 1,5 milhões de novas empresas (um aumento de 9,2 por cento em relação ao ano anterior), mas mais de 854.000 empresas fecharam, 15,5 por cento mais do que no mesmo ano. será uma reversão de dois anos de aumento das taxas de juros, o que elevou o número de empresas inadimplentes e que buscam proteção contra falência para níveis recordes, segundo dados da agência de proteção ao crédito Serasa Experian.

A boa notícia é que o tempo médio necessário para abrir uma empresa no país diminuiu significativamente, passando de quatro dias em 2019 para 21 horas em 2023. O desenvolvimento e integração gradual de sistemas informatizados de registo e legitimação de empresas na REDESIM, plataforma nacional criado em 2007, bem como diversas iniciativas estaduais e municipais ao longo dos anos para reduzir ou mesmo eliminar custos de abertura, foram essenciais para esse desenvolvimento.

No ano passado, o Ministério da Indústria e Desenvolvimento do Comércio selecionou 17 áreas prioritárias para abordar o chamado “Custo Brasil”, abreviação dos obstáculos que as empresas devem superar diariamente no país. No entanto, especialistas afirmam que nenhuma das iniciativas terá maior impacto do que a reforma tributária recentemente aprovada.

Ao fundir cinco impostos multiníveis em impostos semelhantes ao IVA, a reforma visa simplificar a regulamentação fiscal do país, que provavelmente terá um impacto significativo nas empresas em geral. Segundo dados do Banco Mundial, o cumprimento da legislação tributária brasileira exige das empresas uma média de 187 dias de trabalho de oito horas. Além disso, as disputas de cobrança de impostos representam mais de 70% do PIB do Brasil, segundo a Reuters. Estimativas Da Inspire Business School, com sede em São Paulo, enquanto em outros países o percentual gira em torno de 2 ou 3%.

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A maioria das empresas no Brasil nasce da necessidade e não da oportunidade. O típico empresário brasileiro é preto, Jovem (entre 30 e 39 anos), sexo feminino, irregular, classe média baixa, com, na melhor das hipóteses, ensino médio completo. Na verdade, apenas cerca de 10% dos empresários brasileiros possuem diploma de bacharel ou mais, e não mais do que um sexto ganha mais de cinco salários mínimos (7.000 reais ou 1.370 dólares americanos) por mês.

As atividades mais comuns das empresas brasileiras estão relacionadas a atividades de serviços de baixo valor agregado, como restaurantes, vestuário e serviços de catering. Isso pode ser explicado pelo baixo nível de investimento necessário para essas empresas e pelo fato de quase sempre surgirem de um hobby ou de um emprego anterior, segundo o Sebrae, uma organização privada brasileira sem fins lucrativos que apoia empreendedores. Numa análise às empresas que fecharam durante a crise da Covid-19, Seabury descobriu que uma percentagem mais elevada de proprietários que abriram os seus negócios depois de perderem os seus empregos tinham pouca experiência na área e tinham menos tempo para planear. Seabray também observou que investiram menos, não controlaram despesas e receitas e não aperfeiçoaram seus produtos e serviços.

A digitalização é uma obrigação

A nova política industrial, lançada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no final de janeiro, comprometeu-se a aumentar a digitalização dos pequenos negócios do setor de 23,5% para 90% até 2033. Aumentar esse percentual é crucial para melhorar a situação geral do país. competitividade digital.

Para tanto, mais de R$ 2 bilhões (US$ 400 milhões) serão destinados nos próximos dois anos, por meio de órgãos governamentais e associações setoriais, para atender 200 mil empresas de diversas formas. Embora sejam oferecidos cursos e ferramentas digitais à maioria das empresas, as abordagens especializadas terão um âmbito mais limitado – os serviços de consultoria para a implementação de melhorias industriais, tais como linhas de produção mais eficientes em termos energéticos, visarão 33.000 pequenas e médias indústrias, enquanto a assistência na implementação As tecnologias 4.0 podem atingir 360 empresas até 2026.

No entanto, a transformação digital não é apenas uma prioridade para o setor mais desenvolvido da economia. Durante a pandemia da COVID-19, pequenas empresas de todos os tamanhos e nichos tiveram de adotar novas comunicações digitais e estratégias de pagamento para se manterem em contacto com os seus clientes e manterem os seus negócios em funcionamento. Agora, devem continuar a acompanhar o crescente comportamento digital dos seus clientes.

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Segundo Sebrae 2023 reconhecimento, Em média, o comércio digital representa mais de 40% das receitas dos empreendedores individuais e das pequenas empresas. Quase 70% dessas empresas utilizam ferramentas digitais para realizar vendas, com destaque para WhatsApp (56%) e redes sociais como Instagram (43%) e Facebook (23%).

Um dos fatores que contribuem para o aumento da digitalização das empresas é o aumento do acesso aos serviços bancários e financeiros. Entre 2018 e 2022, o número de pessoas jurídicas com conta em banco saltou de 11,4 milhões para 17,5 milhões – um aumento de 53,5%, o maior de todos os tempos (desde 2005). Isto também representa um progresso mais significativo do que o aumento de 18,9 por cento no número de pessoas com contas bancárias (188,3 milhões no total) no mesmo período.

No entanto, a obtenção de crédito continua a ser um grande desafio. Apenas três em cada dez pequenas empresas Adquirido empréstimo bancário no ano passado, segundo outra pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com o Instituto Nacional de Estatística IBGE. Isso acontece porque a maioria deles não tem nenhuma garantia a oferecer. Em abril, o recém-criado Ministério do Empreendedorismo, Microempresa e Pequena Empresa lançou uma linha de empréstimo destinada a empreendedores individuais e pequenas empresas com faturamento anual de até R$ 360 mil. O tamanho dos empréstimos dependerá da capacidade de pagamento de cada empresário, mas será garantido por um fundo no qual o Sebrae já depositou R$ 2 bilhões. Entidade Esperanças O programa pode conceder empréstimos no valor de R$ 30 bilhões nos próximos três anos.

Startups contra todas as probabilidades no Brasil

As startups brasileiras cresceram na última década, representando mais da metade das startups da América Latina (empresas avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais). A pandemia de Covid-19 foi um período útil neste sentido. O aumento da liquidez impulsionado pelos bancos centrais e pelos governos para evitar que as economias parassem durante o pico da crise sanitária também ajudou a intensificar a dimensão e o número de ofertas públicas iniciais. A maioria das startups na América Latina nasceu na sequência deste boom de investimentos. A região conta atualmente com 45 unicórnios, sendo 23 deles no Brasil – o último deles “nasceu” em abril.

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No entanto, as taxas de juro mais elevadas implementadas a partir de 2022 para combater a inflação afastaram os investidores. Muitas empresas globais retiraram-se da América Latina à medida que as condições macroeconómicas se deterioravam e as avaliações das suas participações existentes em todo o mundo diminuíam. A quantidade de capital de risco levantado por startups latino-americanas diminuiu significativamente: de mais de US$ 17 bilhões em 2021, as startups latino-americanas arrecadaram apenas US$ 3,1 bilhões em 2023, de acordo com a plataforma de inovação Distrito.

Contudo, a cautela dos investidores não se deve à falta de fundos – algumas grandes empresas de investimento regionais e locais continuaram a angariar e a lançar novos fundos dedicados à região – mas a um maior enfoque na economia e na rentabilidade das unidades. No entanto, uma vez que as dificuldades e a incerteza não são novidade no manual dos empreendedores latino-americanos, o ecossistema está confiante de que algumas das melhores empresas da região ainda estão por vir. Embora mais lento do que o esperado, o novo ciclo de cortes nas taxas de juros também tende a trazer mais investidores para o jogo.

Esse ecossistema de inovação maduro é, sem dúvida, um dos motivos pelos quais mais brasileiros desejam se tornar empreendedores. A última edição do Global Entrepreneurship Monitor – GEM, implementado no Brasil pelo Sebrae e pela Associação Nacional de Estudos de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe), Mostrando Pelo menos 48 milhões de brasileiros querem se tornar empreendedores nos próximos três anos. Considerando os outros 42 milhões que já tinham um negócio em 2023 ou deram algum passo nessa direção, o Brasil é o segundo país com “maior potencial empreendedor”, depois da Índia.

No entanto, ao analisar a taxa de empreendedores por tamanho da população, o Brasil ocupa o oitavo lugar, com 30,1% dos adultos envolvidos em negócios. Se a reforma tributária, juntamente com outras iniciativas, for bem-sucedida e o país conseguir transformar mais pessoas em empreendedores por oportunidade e não por necessidade, poderá subir para novas posições neste ranking.

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