Venda da Gaspetro para a Cosan pode atrapalhar a abertura do mercado de gás no Brasil

Venda da Gaspetro para a Cosan pode atrapalhar a abertura do mercado de gás no Brasil

Representantes da indústria local da BNamericas disseram, sob condição de anonimato, que a aquisição do controle acionário da empresa de distribuição de gás Petrobras pela Compass Gás e Energia poderia dificultar a abertura do setor de gás natural no Brasil.

O acordo foi aprovado pelo órgão antitruste brasileiro Kidd na semana passada.

À medida que os estados brasileiros começam a ter a capacidade de buscar fornecedores de gás que não sejam concessionárias estatais de distribuição, espera-se que a Compass tenha todas as informações que seus novos distribuidores possuem para encontrar clientes livres.

Uma fonte disse: “Chamamos isso de ‘cerry picking’, porque ele escolherá os melhores clientes gratuitamente nos estados em que opera.

A Gaspetro detém participações em 18 empresas de distribuição de gás dutoviário que operam em vários estados brasileiros. O Grupo Mitsui detém os 49% restantes.

A Compass, por sua vez, é uma subsidiária do Grupo Cosan que atua no comércio de energia elétrica e distribuição de gás natural por meio da Comgás no estado de São Paulo e da Sulgás no estado do Rio Grande do Sul.

Outras empresas Kozan atuam nos setores de energia, combustíveis, lubrificantes e logística.

Outro ponto importante é que a Compass será tanto vendedora quanto compradora de gás, o que pode criar uma situação de “self-dealing”.

“Podemos ter um oligopsônio, um grande comprador de gás. A empresa está usando seu poder de mercado para baixar o preço, mas não necessariamente o repassará ao consumidor”, disse a fonte.

A Compass está construindo uma usina e gasoduto de regaseificação de GNL (Subida da Serra) que transportará gás para a Comgás de forma vertical, podendo ser reproduzido em outras regiões.

Outra fonte local disse à BNamericas: “Os investimentos devem ser garantidos e o sistema vertical pode diminuir o nível de contribuições e afetar os preços ao consumidor”.

A Associação Brasileira de Consumidores Industriais de Energia (APRES) afirmou em nota que a venda da Gasetro para a Compass vai de encontro à visão de um mercado nacional diversificado, não verticalizado e competitivo que segue as diretrizes aprovadas pelo Congresso Nacional na nova lei do gás.

“Além disso, movimentos recentes da Agência Nacional de Portos para flexibilizar sua eficiência para legislar sobre dutos de transporte levantam preocupações sobre a evolução da lei e parecem apontar para um caminho que contraria a livre concorrência, o que maximizaria os resultados do mercado de gás para os cidadãos de a economia”, acrescentou Abris.

Por outro lado, a Associação dos Distribuidores de Gás Gasoduto Abegás destacou que a decisão do Cade abre as portas para um mercado brasileiro de gás natural mais dinâmico e competitivo.

“Com este passo extra de desfocagem, o mercado de gás natural tem fortes perspectivas de avanço mais rápido na expansão do serviço de gás dutoviário em todas as regiões do país e crescimento em todos os setores de consumo – industrial, automotivo, cogeração, residencial e comercial, aumentando a concorrência no mercado setor.” .

Outra fonte ligada ao setor de distribuição de gás disse que as alegações de que a venda da Gaspetro à Compass prejudicaria a concorrência são inadequadas, porque o processo de aquisição de gás natural das distribuidoras é público e está sendo escrutinado por órgãos reguladores do governo.

Nos contratos de concessão, as distribuidoras não são pagas pelo gás. O consumidor paga pelo gás a qualquer preço que o distribuidor pague”, disse ele à BNamericas, pedindo para não ser identificado.

A fonte disse ainda que os distribuidores têm grande interesse no gás a preços mais competitivos como consumidores, uma vez que o gás natural concorre com outros combustíveis no mercado.

O Instituto Brasileiro de Petróleo IBP, que representa as empresas petrolíferas, e a Associação de Transporte de Gás Natural ATGás se recusaram a comentar o caso quando contatados pela BNamericas.

A Compass Gás e Energia também se recusou a prestar declarações sobre o assunto.

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