Um voluntário brasileiro morre em um ensaio da vacina AstraZeneca COVID-19, e o ensaio continuará

Escrito por Eduardo Simões e Ludwig Berger

SÃO PAULO / FRANKFURT (Reuters) – A autoridade sanitária brasileira Anvisa disse nesta quarta-feira que morreu um voluntário em um ensaio clínico da vacina COVID-19 desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, mas acrescentou que o ensaio vai continuar.

Oxford confirmou o plano de continuar os testes, dizendo em um comunicado que, após uma avaliação cuidadosa, “não havia preocupações sobre a segurança do ensaio clínico”.

A AstraZeneca se recusou a comentar imediatamente.

Uma fonte familiarizada com o assunto disse à Reuters que o ensaio teria sido suspenso se o voluntário que morreu tivesse recebido a vacina COVID-19, indicando que a pessoa fazia parte do grupo de controle que recebeu a injeção de meningite.

A Universidade Federal de São Paulo, que está ajudando a coordenar a terceira fase dos ensaios clínicos no Brasil, disse que um painel de revisão independente também recomendou a continuação do ensaio. A universidade confirmou anteriormente que o voluntário era brasileiro, mas não forneceu outros dados pessoais.

“Tudo está ocorrendo conforme o esperado, sem qualquer registro de complicações graves relacionadas à vacina, incluindo qualquer um dos voluntários participantes”, disse a Universidade Brasileira em nota.

Até agora, um porta-voz da universidade disse que até agora, 8.000 dos 10.000 voluntários foram recrutados para o ensaio e receberam a primeira dose em seis cidades no Brasil, e muitos já receberam a segunda injeção.

A CNN Brasil informou que a voluntária tinha 28 anos, morava no Rio de Janeiro e faleceu por complicações decorrentes do COVID-19.

A Anvisa não deu maiores detalhes, citando o sigilo médico de quem participou dos julgamentos.

As ações da AstraZeneca caíram 1,8 por cento.

O governo federal brasileiro planeja comprar e produzir uma vacina do Reino Unido no Centro de Pesquisa Biomédica FioCruz, no Rio de Janeiro, enquanto uma vacina concorrente da chinesa Sinovac Biotech Ltd. está sendo testada pelo Botantan Research Institute, no estado de São Paulo.

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro disse na quarta-feira que o governo federal não vai comprar a vacina Sinovac.

O Brasil tem o segundo surto mais mortal do Coronavírus depois dos Estados Unidos, com mais de 154.000 mortes. Possui o terceiro maior número de casos, com mais de 5,2 milhões de infecções, depois dos Estados Unidos e da Índia.

(Reportagem de Eduardo Simos em São Paulo e Ludwig Berger em Frankfurt; reportagem adicional de Ricardo Brito e Anthony Poodle em Brasília e Alistair Smoot em Londres; redação de Jake Spring; edição de Jonathan Otis e Rosalba O’Brien)

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