O governo do estado do Rio de Janeiro confirmou 105 mortes por enchentes e deslizamentos de terra que varreram casas e carros em Petrópolis, enquanto o número de pessoas presas na lama permanece incerto.
Rubens Bombo, prefeito da cidade, não conseguiu fornecer uma estimativa do número de pessoas desaparecidas, pois os esforços de recuperação continuaram. “Ainda não sabemos a escala total disso”, disse Bombembo. “Foi um dia difícil, um dia difícil.”
Sobreviventes estavam cavando para encontrar entes queridos que desapareceram após os deslizamentos de terra de terça-feira. O Ministério Público do Rio de Janeiro disse que compilou uma lista de 35 pessoas desaparecidas.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostraram chuva torrencial arrastando carros e casas para as ruas, enquanto a água corria pela cidade. Um dos vídeos mostrava dois ônibus afundando em um rio cheio enquanto os passageiros saíam pelas janelas. Alguns foram arrastados antes que pudessem chegar às margens.
Petrópolis, cidade serrana que leva o nome do imperador do século 19, Dom Pedro II, era um paraíso para os moradores que fugiam do calor do verão e para os turistas.
Sua prosperidade atraiu moradores de áreas mais pobres do Rio, e a população cresceu desordenadamente, subindo encostas de montanhas em pequenas casas amontoadas, muitas vezes em áreas vulneráveis pelo desmatamento e drenagem inadequada.
O corpo de bombeiros do estado disse que 25,8 centímetros (pouco mais de 10 polegadas) de chuva caíram em três horas na terça-feira, igualando o total dos 30 dias anteriores. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, disse em entrevista coletiva que as chuvas foram as piores em Petrópolis desde 1932. “Ninguém pode prever chuvas assim”, disse Castro.
Meteorologistas disseram que mais chuvas são esperadas nesta semana.
Castro disse que quase 400 pessoas estavam desabrigadas e 24 pessoas foram resgatadas.
Uma moradora, Roslyn Virginia, disse: “É tão triste ver as pessoas pedindo ajuda e não ter como ajudar, não ter como fazer nada. É desesperador, a sensação de perda é tão grande”.
A região montanhosa testemunhou desastres semelhantes nas últimas décadas, entre eles um que causou mais de 900 mortes. Nos anos que se seguiram, Petrópolis apresentou um plano para reduzir os riscos de deslizamento, mas as obras avançaram lentamente. O plano, apresentado em 2017, foi baseado em análises que determinam que 18% das terras da cidade apresentam alto risco de deslizamentos e inundações.
As autoridades locais dizem que mais de 180 moradores de áreas de alto risco estão abrigados em escolas. Espera-se que mais equipamentos e pessoal ajudem nos esforços de resgate na quinta-feira.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, expressou sua solidariedade durante sua viagem à Rússia. A Câmara Municipal de Petrópolis decretou três dias de luto.
O Sudeste do Brasil experimentou chuvas torrenciais desde o início do ano, com mais de 40 mortes no total registradas em Minas Gerais no início de janeiro e em São Paulo no final daquele mês.