RIO DE JANEIRO – Dezenas de jovens se ajoelharam sob o sol quente esta semana no interior rural do Rio de Janeiro, plantando um corredor verde que proporcionará uma futura passagem segura para a espécie mais emblemática e ameaçada de extinção da região, o mico-leão-dourado.
As 300 mudas de árvores que eles plantaram esta semana – atualmente com apenas alguns centímetros de altura – acabarão por conectar os dois trechos de floresta. É a mais recente de uma série de iniciativas de crescimento florestal lideradas por ambientalistas, proporcionando maior habitat para o macaco.
Até recentemente, as terras áridas e áridas que cultivavam pertenciam a um fazendeiro que derrubava suas árvores para servir de pasto para o gado.
O desmatamento desenfreado ao longo dos séculos devastou esta parte da Mata Atlântica do Brasil, o único lugar no mundo onde pode ser encontrado o pequeno macaco cor de cobre com uma juba sedosa ao redor do rosto. Com menos de 5.000 indivíduos, é considerada uma espécie em extinção.
“Um dos maiores problemas é a fragmentação da floresta”, disse Luis Paulo Ferraz, diretor executivo da Associação Mico-Leão-Dourado, conhecida pela sigla AMLD. “Caso contrário, os macacos começarão a cruzar dentro das suas famílias.”
Ferraz diz que os macacos têm muito medo de atravessar as poucas centenas de metros de terra árida que às vezes separa duas ilhas de vegetação verde, por medo de se tornarem presas de predadores maiores, como grandes felinos. Daí a necessidade de vias verdes.
Sarah Darwin, bisneta de Charles Darwin, elogiou seus esforços na sexta-feira. O botânico britânico juntou-se a um grupo de jovens naturalistas que estão a traçar a viagem de Charles Darwin num veleiro há quase 200 anos, que levou à sua teoria da evolução, parte de um projeto chamado Darwin 200.
“Ele chegou à Mata Atlântica brasileira e teve um momento de clareza… uma experiência culminante, onde se sentiu em harmonia com a natureza”, disse Darwin ao entrar na floresta conhecida por sua incrível diversidade de musgos, samambaias e outros animais. . Vegetação. Na copa acima, macaquinhos dourados com longas caudas saltavam de um galho para outro. “Uma das experiências mais duradouras de sua vida”, acrescentou ela.
Antes da colonização portuguesa no século 16, a Mata Atlântica cobria uma área de 330 milhões de acres (mais de 500.000 milhas quadradas) perto e ao longo da costa do Brasil. Apenas menos de 15% dela permanece hoje, de acordo com a Nature Conservancy.
Na área específica da Mata Atlântica onde podem ser encontrados os macacos-leões-dourados, o tamanho da floresta caiu para apenas 2% do seu tamanho original, disse Ferraz.
As plantações de cana-de-açúcar e café foram os principais impulsionadores do desmatamento inicial. Depois veio o desenvolvimento urbano e as pastagens de gado. Na década de 1970, quando os cientistas começaram os esforços para salvar a espécie, restavam apenas 200 macacos-leões-dourados, segundo a AMLD.
No Brasil, o animal se tornou um símbolo da conservação da vida selvagem, aparecendo até na nota de 20 riais do país.
Recentemente, a organização sem fins lucrativos de ciência e conservação tem adquirido terras de agricultores e pecuaristas, que depois reflorestaram, uma peça de cada vez. Eles compraram uma primeira parcela de 137 hectares (339 acres) em 2018 e outra parcela de 180 hectares (445 acres) em novembro.
O processo é lento e caro e requer manutenção pesada e regular, principalmente nos primeiros anos. Mas é gratificante.
No terreno, as colinas nuas que a AMLD adquiriu em 2018, e que iniciaram a reflorestação no ano seguinte, recuperaram o seu verde vibrante, estão cobertas por floresta saudável e habitadas por inúmeras espécies animais que podem ser rastreadas graças às câmaras de visão noturna.
E apesar de um terrível surto de febre amarela em 2018 – quando a população caiu mais de 30% numa questão de meses – existem agora mais orangotangos dourados do que em qualquer momento desde que os esforços de conservação começaram.
De acordo com a última pesquisa da associação, publicada no início deste ano, existem cerca de 4.800 indivíduos.
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O produtor da Associated Press, Dearly Rodriguez, contribuiu para este relatório.
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