Raio-que-o-parta: romances modernos brasileiros – anúncios

Em 2022, o Brasil comemora dois importantes aniversários históricos: o bicentenário da independência da nação e o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. Para comemorar essas datas, o Sesc São Paulo realiza, ao longo do ano, o evento Diversos 22 — Projetos, Memórias, ConexõesE Eles são implementados em rede com outras instituições e oferecem ampla programação cultural que busca refletir criticamente sobre esses marcos e colocá-los em relação com nossos anseios atuais. Para a Fundação, a iniciativa visa “formar visões que nos permitam pensar o Estado de forma diferente e complexa, com suas contradições e possibilidades, e transformá-lo em recursos propostos”.

exibição Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil (Raio-que-o-parta: Romances do Brasil Moderno), que abriu ao público no dia 16 de fevereiro, é um dos destaques desse projeto. Esta galeria de artes visuais apresenta obras de cerca de 200 artistas de todo o Brasil distribuídos em um espaço expositivo de 1.300 metros quadrados na unidade Sesc 24 de Maio, localizada no centro de São Paulo. Entre os artistas cujas obras estiveram presentes na exposição estavam Alberto da Vega Guinard (1896-1962), Anita Malvati (1889-1964), Gennaro di Carvalho (1926-1971), Lydia Paes (1900-1985), Meister Vitalino (1886-1973) ) ), Mestre Zumba (1920-1996), Bajo (1910-1962), Raimundo Sella (1890-1954), Rubem Valentim (1922-1991), Tarsila do Amaral (1886-1973) e Tommy Oktake (1913-2015) .

Essa tarefa foi realizada a partir do trabalho coletivo de sete pesquisadores que atuam em diferentes cidades do país e realizam pesquisas relacionadas à história da arte brasileira. A curadoria é composta por Aldrin Figueiredo, Clarissa Dinez, Divino Sobral, Marcelo Campos e Paula Ramos, além de Rafael Fonseca como curador principal e assessor de Fernanda Peta. Segundo os curadores, a pesquisa coletiva visa reunir obras históricas que, de certa forma, oferecem pontos de discussão opostos ao conceito de “Art Nouveau” no Brasil. A segunda condição para a escolha das obras foi estender o período para além das primeiras décadas do século XX – o período em que a modernidade naturalmente se insere – para incluir produtos que vão desde o final do século XIX até meados do século XX.

O título da exposição faz referência ao estilo decorativo vernacular das moradias localizadas na cidade de Belém, estado do Pará, região norte do Brasil. O estilo é caracterizado por padrões geométricos, angulosos e coloridos que lembram flechas, relâmpagos e alavancas feitos pela justaposição de porções de azulejos para decorar as fachadas das casas, inspirados na modernidade arquitetônica associada às elites do sudeste do país em seu meio. Este estilo decorativo tornou-se moda na década de 1950 em Belém, difundiu-se em diferentes regiões e foi pejorativamente chamado de “raio-que-o-parta” pelos arquitetos da época – algo como “inferno com isso”, de uma forma que expressa de indignação ou raiva.

Ao conectar a ideia de identidade a diferentes lugares do vasto território brasileiro, a mostra propõe uma leitura alternativa, separada da versão eclesiástica do movimento artístico da cidade de São Paulo. Para isso, a exposição também inclui uma variedade de linguagens artísticas, revelando uma compreensão das artes visuais como uma produção cultural complexa. Além de desenhos, pinturas e esculturas, há também fotografias, filmes, revistas ilustradas, peças musicais e documentação de obras efêmeras. As obras estão organizadas em quatro grupos temáticos referentes às manifestações artísticas coletivas e sindicalistas que aconteceram no país, como escolas de samba e grupos literários.

Com cerca de 650 obras de diversas instituições e grupos do Brasil, a exposição do Sesc São Paulo busca “destacar as diferentes histórias do Modernismo e apresentar um contexto diverso e heterogêneo para a arte moderna brasileira”. A iniciativa apresenta uma revisão da história da arte brasileira aberta a uma perspectiva dinástica, construindo uma narrativa mais pluralista e muitas vezes contraditória que estimula o espectador a pensar a nação desigual do Brasil de forma mais ampla.

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