Privatização de autoridades portuárias brasileiras pode aumentar a insegurança jurídica

Privatização de autoridades portuárias brasileiras pode aumentar a insegurança jurídica

A iniciativa de privatização do governo para as autoridades portuárias brasileiras está levantando preocupações das partes interessadas sobre a validade do contrato.

Os especialistas também estão preocupados com o fato de as autoridades privatizadas favorecerem os aspectos financeiros em detrimento dos econômicos. O cenário causa muita incerteza.

O BNamericas conversou com o presidente da Associação de Carregadores Logística Brasil, André de Seixas, sobre o melhor modelo de porto do país, questões jurídicas e muito mais.

BNamericas: Como avalia o modelo governamental de privatização portuária?

seixos: Transferir a autoridade portuária para o setor privado pode causar problemas, embora exista um regulador no Brasil, porque não sabemos as possíveis consequências.

A autoridade portuária é a entidade promotora da atividade portuária que visa os aspectos econômicos associados ao desenvolvimento das atividades e ao crescimento. Os projetos privados veem o lado financeiro, não o econômico.

BNamericas: Qual é o modelo adequado para os portos brasileiros?

seixos: O modelo mais adequado é o que temos, o chamado porto proprietário, onde o poder público gere o porto regulado. Atualmente, os jogadores privados exploram as atividades portuárias apenas por meio de terminais.

Esse modelo é importante porque favorece o desenvolvimento econômico. Não temos certeza de até que ponto isso é [privatization] A iniciativa pode afetar os preços portuários para usuários, importadores, exportadores e players do litoral.

BNamericas: eu posso O modelo brasileiro pode ser comparado a qualquer modelo i.Exemplos internacionais?

seixos: O que observamos, por exemplo, no modelo australiano usado pelo Ministério da Infraestrutura [for the privatization of Espirito Santo port authority Codesa]Foi que os preços subiram após a privatização dos usuários.

Apoiamos um modelo portuário eficiente, no qual não são feitas nomeações políticas para cargos de liderança na autoridade portuária. Também preferimos um modelo com um Conselho de Autoridade Portuária forte, que atualmente perdeu autoridade comercial e agora é apenas órgãos consultivos.

Defendemos a nomeação de gerentes e supervisores com conhecimento e experiência de mercado, em um modelo em que o governo administra o porto regulado e as atividades são realizadas por afretadores.

BNamericasComo os agentes de mercado avaliam a situação?

seixos: Vejo no mercado insegurança jurídica em relação aos contratos.

BNamericas: Quais são os possíveis cenários pós-privatização?

seixos: Meu problema não é o momento. Não concordo que este modelo proposto seja ideal para o Brasil. Isso não é algo que precisa ser feito e o governo é inflexível quanto a esse modelo. Esperamos que os contratos de locação sejam respeitados. Essa é a nossa principal preocupação.

Não sabemos qual é a posição da Autoridade Portuária Privada quando se depara com inquilinos sob sua hierarquia. Não sabemos o que isso pode gerar para os contratos já em vigor.

BNamericasQual é o desempenho do mercado durante uma pandemia e o que acontece em um cenário pós-pandemia?

seixos: Nosso setor não parou na pandemia, basta olhar para os números de infraestrutura MMinistério do Interior e Regulador das Hidrovias (Antak). Ela lembra que o setor de movimentação de cargas cresceu cerca de 10% no ano passado.

Então, se estamos em um cenário ruim de pandemia, estamos crescendo muito, e a tendência é que no período pós-pandêmico, atendamos a demanda hoje reprimida e o setor cresça ainda mais, inclusive empresas de fora do Brasil, que também têm boas perspectivas de produtos no país.

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