O que precisa de saber sobre as novas medidas habitacionais

A habitação é um tema muito sensível neste momento em Portugal. Após forte pressão social para resolver um problema que tem crescido nos últimos anos, nomeadamente em Lisboa e Porto e também na região do Algarve, o Governo decidiu a 16 de fevereiro que iria intervir na economia. No entanto, se para alguns esta intervenção pode ser tardia, para outros pode representar uma violação dos seus direitos fundamentais.

Conheça abaixo algumas das principais medidas do projeto de lei Mais Habitação:

aumento habitacional

O governo permitirá que imóveis comerciais sejam usados ​​para moradia sem a necessidade de qualquer licença. Além disso, o estado poderá fornecer terras sob o Esquema de Contrato de Desenvolvimento Habitacional para o desenvolvimento de projetos habitacionais acessíveis.

Além disso, avançaram com uma medida que reduz em três pontos percentuais o IRS sobre rendimentos de rendas, de 28 por cento para 25 por cento.

Facilite o processo de licenciamento

A ideia é agilizar os processos de licenciamento (que às vezes podem levar anos), penalizando os conselhos quando demoram muito para emitir uma licença. Além disso, os desenvolvedores que não cumprirem os prazos de construção serão penalizados.

Suporte para inquilinos

O Estado vai pagar rendas após três meses de incumprimento, de forma a dinamizar o mercado de arrendamento. Segundo o governo, “todos os pedidos de despejo recebidos após três meses de incumprimento” podem ser pagos pelo Estado.

Por outro lado, o Estado estará na posição do senhorio para cobrar as rendas da dívida, e se houver uma “razão socialmente plausível” que justifique o incumprimento, o Estado fará a sua parte subsidiando o pagamento das rendas ou pagando com procedimento de realojamento.

O governo fornecerá subsídios de aluguel (até um máximo de € 200) para apoiar as famílias que gastam mais de 35% de sua renda em moradia.

aumento da habitação popular

Esta proposta prevê uma isenção do imposto sobre ganhos de capital (um imposto cobrado dos proprietários que venderam suas casas) se eles venderem suas casas para o estado. Essas casas serão colocadas no mercado de aluguel acessível pelo estado.

Hipotecas

Haverá também isenção de ganhos de capital para extinguir hipotecas da residência principal do proprietário ou de seus filhos. Além disso, no crédito à habitação, embora muitos bancos dificultem o acesso dos seus clientes à taxa fixa, será obrigatório oferecer esta possibilidade a quem procura um empréstimo.

vistos dourados

Com as especulações imobiliárias chegando ao fim, o governo decidiu parar de emitir vistos gold. No entanto, “para os vistos gold já concedidos, não haverá possibilidade de renovação, salvo se as casas que adquiriram se destinarem à habitação própria ou dos filhos, ou se o imóvel for colocado definitivamente no mercado de arrendamento”, disse o primeiro-ministro. anunciado.

As rendas em novos arrendamentos passam a ter normas que limitam o seu aumento. “Nos novos contratos, a nova renda deverá ser o resultado do valor da última renda com as atualizações que teriam sido feitas durante o período do contrato”, explicou o primeiro-ministro.

Além destes dois critérios, o valor da nova renda poderá ainda ter em conta a inflação de 2 por cento fixada pelo Banco Central Europeu (BCE).

Créditos: PE. Autor: PA;

O que preocupa os corretores de imóveis?

Devido à atual crise imobiliária, os proprietários inúteis podem ser forçados a alugá-los para famílias. Se isso acontecer, o estado pode autopromover o aluguel e depois pagar o aluguel ao proprietário.

O documento refere que “caso os proprietários não queiram arrendar ao Estado, será dado um prazo oficial para a utilização do imóvel”, frisando que só após esse prazo “o Estado pode arrendar o imóvel de forma obrigatória”. , tendo em conta o interesse público.”

Assim, o Estado vai financiar as autarquias para realizarem as obras e nas casas devolutas para as colocarem no mercado de arrendamento.

Aluguel de imóveis

A outra medida que está a gerar muita revolta é a que incentiva a passagem da AL para o mercado de arrendamento. Assim, novas autorizações de residência local serão proibidas, exceto para AL rural em concelhos do interior onde não haja pressão habitacional. Já as licenças atualmente em vigor serão reavaliadas em 2030 e, posteriormente, a cada cinco anos.

Além disso, as unidades habitacionais poderão rescindir as autorizações de residência locais emitidas sem o seu consentimento, de acordo com o programa Mais Habitação.

De forma a incentivar a entrada da AL no mercado de arrendamento, os proprietários que o façam vão beneficiar de zero impostos para o IRS até 2030, desde que os imóveis sejam transferidos até 2024.

visões diferentes

Se, por um lado, a habitação é um direito de todos os cidadãos consagrado na Constituição, por outro, os proprietários sentem que os seus direitos à propriedade e à iniciativa privada estão a ser violados por estas medidas.

A proposta de “arrendamento obrigatório de imóvel devoluto é um ataque à propriedade privada”, acusa a Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), afirmando que, neste caso, contribuiria “mais para tirar a confiança” dos investidores .

A Associação das Pousadas de Juventude de Portugal afirma que as medidas introduzidas pelo Governo para a habitação, e concretamente para o alojamento doméstico, “não foram totalmente pensadas” e “arruinarão inúmeros negócios”.

“A Associação Portuguesa das Pousadas de Juventude foi surpreendida, no passado dia 16 de fevereiro, pelas medidas apresentadas pelo Governo para o pacote Mais Habitação”, disse, referindo que “não participou, nem foi consultada sobre essas medidas, em particular as relacionadas para AL.” Assim, os proprietários de habitações locais planeiam protestar no dia 1 de março em Lisboa contra estas medidas do governo.

Por outro lado, a Federação dos Inquilinos de Lisboa (AIL) mostrou-se satisfeita com as novas medidas legislativas habitacionais introduzidas pelo Governo. O presidente Romão Lavadinho considera positivas as medidas adotadas, mas teme que demore muito para o governo colocar o plano em prática.

“Esperamos que esta não seja mais uma decisão que demore cinco ou dez anos a concretizar. Por isso o que propomos é que isto seja concretizado rapidamente, para que os inquilinos e senhorios possam beneficiar destas propostas”, disse à SIC Notícias.

Em geral, todos aqueles que não concordam com esta proposta podem manifestar a sua vontade até 10 de março, uma vez que este projeto de lei está em consulta pública em https://www.consultalex.gov.pt/ConsultaPublica_Detail.aspx?Consulta_Id=287

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