O presidente brasileiro Jair Bolsonaro ameaça aumentar a censura cinematográfica – The Hollywood Reporter

Desde a posse de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil em janeiro, o ex-militar que se tornou populista de direita tem se manifestado em seus ataques ao que considerava as instituições excessivamente liberais do país. Na quinta-feira, Bolsonaro voltou sua atenção para a indústria cinematográfica brasileira, com o presidente ameaçando fechar a Agência Nacional do Cinema (ANCINE), a agência federal de financiamento de filmes, se ela se recusar a aplicar “filtros” apoiados pelo governo aos filmes que investiu. dentro.

Os comentários de Bolsonaro vieram quando ele anunciou que os escritórios da ANCINE seriam transferidos do Rio de Janeiro, o centro cultural brasileiro onde a indústria cinematográfica está concentrada, para Brasília, a capital política. Na cerimônia de anúncio, Bolsonaro mirou a missão da ANCINE, acrescentando que a agência deve apoiar projetos que reflitam “valores familiares” e que filmes como o drama de suspense de 2011 Confissões de uma menina brasileira Não deve ser financiado.

A ANCINE enfrentou repetidas críticas e ameaças do governo Bolsonaro nos últimos meses, mas os comentários francos do presidente na semana passada provocaram uma reação profunda da indústria cinematográfica brasileira, com muitas figuras proeminentes se opondo a qualquer intervenção do governo e aumento da censura.

Eduardo Valente, representante do Brasil no Festival Internacional de Cinema de Berlim e ex-diretor do Festival de Cinema de Brasília, contou O repórter de Hollywood Os recentes desenvolvimentos são “um sinal de alerta do desmantelamento da indústria cinematográfica brasileira”.

“Lidar com o sistema brasileiro de financiamento do entretenimento sempre foi muito complexo, mas agora é muito mais volátil”, acrescentou Valente.

Simone de Mendonça, presidente da Federação da Indústria Cinematográfica, expressou dúvidas de que Bolsonaro conseguiria cumprir suas ameaças, mas falou dos perigos dos “filtros”. “Não estou dizendo que é impossível acabar com a ANCINE… mas há todo um processo legal envolvido. É importante perceber que a noção de ‘filtros’ é inaceitável”, disse ele ao jornal. Estado de São Paulo.

Políticos do país mais poderoso do Brasil foram os primeiros a responder às ameaças de Bolsonaro. Sergio Sa Letão, ministro da Cultura e Economia Criativa de São Paulo e ex-diretor da ANCINE, criticou fortemente Bolsonaro, dizendo ao jornal Jornal que o presidente foi “Estabelecer tribunais morais para avaliar filmes é um sinal de governos autoritários.”

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As relações tensas da ANCINE com o governo federal brasileiro são anteriores à história de Bolsonaro. Em dezembro, agentes federais invadiram seus escritórios no Rio de Janeiro, apreendendo computadores após acusarem a agência de falta de transparência em seus relatórios financeiros. Sua caixa audiovisual (FSA) foi brevemente congelada.

Após as batidas, a indústria apoiou a ANCINE, argumentando que o setor teve lucros constantes e sucesso decisivo. A ANCINE é a pedra angular da indústria cinematográfica brasileira, a agência que apoia vários projetos anualmente, mas também responsável pela criação e desenvolvimento da infraestrutura da indústria cinematográfica no país. Em 2017, 158 filmes foram lançados nacionalmente no Brasil, contra 30 filmes em 2001, quando a ANCINE foi criada. Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo, cerca de 70% dos filmes produzidos no Brasil dependem de financiamento público.

“Não vejo como fazer cinema no Brasil sem esquecer”, disse o produtor Thiago Macêdo Correia, da produtora local Filmes de Plástico. O repórter de Hollywood. A empresa produziu André Novaes Oliveira longo caminho para casa, que atualmente está sendo transmitido pela Netflix Brasil.

Apesar das batidas, a ANCINE retomou as operações enquanto os filmes brasileiros se enchiam de elogios e prêmios no Festival de Cannes deste ano. BakuraoDireção de Kleber Mendonça Filho e Giuliano Dornelles, e A Vida Invisível de Eurídice GusmãoO filme, dirigido por Karim Ainouz, ganhou prêmios em Cannes, e ambos os filmes são coproduções internacionais com financiamento parcial da ANCINE. “Há uma guerra no Brasil contra os artistas”, disse Mendonça Filho em Cannes quando questionado sobre os problemas da ANCINE com o governo. “Temos a sorte de ter o apoio do Estado”, acrescentou.

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As ameaças ao futuro da ANCINE surgem à medida que outras fontes de financiamento da indústria cinematográfica brasileira são cortadas ou totalmente removidas. O financiamento estadual termina em algumas das maiores cidades. A Associação dos Cineastas de São Paulo (APACI), em especial, enviou um comunicado aos cineastas informando que o fundo foi encerrado no meio do processo de inscrição — pouco antes da divulgação dos destinatários.

Cineastas em São Paulo, incluindo Fernardo Meirelles (Cidade de DeusE jardineiro perene) e Anna Muellert (segunda mãe) Ele assinou uma carta de protesto na semana passada.

Além disso, o financiamento do setor privado está sob pressão ou está chegando ao fim. A Petrobras, a maior empresa estatal de petróleo do país, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cortaram seu financiamento para o setor de artes, pois a Petrobras encerrou seu apoio financeiro ao Festival Internacional de Cinema de São Paulo, no Rio. Festival Internacional de Cinema de Janeiro e outros.

“É um grande retrocesso, porque Petrobras e BNDES respondem por cerca de 70% de todos os investimentos feitos por meio de incentivos fiscais”, disse Paulo Henrique Silva, vice-presidente da Associação Brasileira de Críticos. THR.

A perda de financiamento do BNDES é um golpe potencial para o órgão, já que o banco investiu mais de 200 milhões de riais (US$ 50 milhões) em mais de 450 filmes desde 1995. Abriu um aplicativo em 2018 para financiar 22 filmes com cerca de 15 milhões riais (US$ 4 milhões), com participação pela primeira vez para cineastas brasileiros indígenas, negros e transgêneros. O BNDES anunciou que não cancelará o financiamento prometido no ano passado, mas nenhum destinatário foi anunciado ainda.

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