O homem que destruiu uma vasta floresta vence o fim do jardim

Rio de Janeiro Em uma medida que chocou os ambientalistas, o governo do terceiro maior estado do Brasil abandonou uma batalha legal pela proteção de um parque estadual em uma das regiões de maior biodiversidade da Amazônia. O resultado dessa decisão é que o homem responsável pelo desmatamento de vastas extensões de terras protegidas acaba ganhando uma ação judicial contra o governo. O jardim deixará de existir.

Antonio José Rossi Junqueira Villa foi multado em milhões de dólares por desmatamento no Brasil e pelo roubo de milhares de hectares (acres) da floresta amazônica. No entanto, foi uma empresa associada a ele que processou o estado de Mato Grosso, alegando que ele definiu incorretamente os limites do Parque Estadual Cristalino II.

O parque abrange 118.000 hectares (292.000 acres), maior que a cidade de Nova York, e está localizado na zona de transição entre a Amazônia e os biomas mais secos do Cerrado. É o lar da endêmica Frente Branca macaco-aranha (Ateles marginatus), Espécie ameaçada de extinção devido à perda de habitat.

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Por 3 a 2, o Supremo Tribunal de Mato Grosso decidiu que a criação do parque pelo governo em 2001 foi ilegal porque foi feita sem consulta pública.

O governo do estado não recorreu dessa decisão, deixando-a em definitivo. A assessoria de imprensa do governo confirmou agora à Associated Press que o parque será oficialmente dissolvido.

A perda do parque é uma medida de como as coisas estão ruins na Amazônia hoje. Não apenas as leis ambientais não são cumpridas, mas um tribunal agora derrubou uma importante área de conservação. Não só os ecossistemas estão perdidos, dizem os cientistas, mas o desmatamento generalizado está prejudicando a capacidade da floresta de absorver dióxido de carbono, um papel importante que desempenha no planeta.

Jogando lixo na floresta

Antes de contestar a validade do jardim de Cristalino II, a presença de Vilela ali já era conhecida. Em 2005, ele foi multado em US$ 27 milhões por destruir 11.000 hectares (27.000 acres) de floresta dentro da área protegida, noticiaram jornais locais na época.

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Em 2016, a família Villila ganhou as manchetes no Brasil por estar no centro de uma histórica operação de fiscalização contra o desmatamento na Amazônia, conhecida como Operação Rios Voadores, realizada pelo órgão ambiental brasileiro, Ibama, pela polícia federal e pelo procurador em geral. .

Ele também acusou Vilela de limpar 30.000 hectares (74.000 acres) de florestas públicas no Estado da Barra, o equivalente a cinco Manhattans. O procurador-geral brasileiro descreveu Villella como o pior perpetrador de desmatamento na região amazônica de todos os tempos.

Os processos judiciais geralmente duram muitos anos no Brasil. Se considerado culpado no caso Barra, Villala pode ser condenado a mais de 200 anos de prisão. Ele pode ser multado em mais de US$ 60 milhões.

O advogado Renato Morelio Lopez, que representou Villila e uma afiliada, não respondeu às mensagens deixadas pela Associated Press na quarta e quinta-feira.

Segundo o pesquisador Maurício Torresgeógrafo da Universidade Federal do Pará, traça o “texto clássico para a conquista de terras na Amazônia” da família Villella.

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A maneira de roubar terras no Brasil, disse ele, é retirá-las e depois reivindicá-las. “Através do desmatamento, os ladrões de terra estão definindo concretamente sua propriedade da terra e são reconhecidos como ‘donos’ por outras gangues”, escreveu ele à Associated Press.

Segundo dados oficiais, em março de 2022, Cristalino II perdeu cerca de 22.000 hectares (54.000 acres) devido ao desmatamento, embora seja uma área totalmente protegida. A área devastada compõe aproximadamente 20% do parque.

Mato Grosso, o maior estado produtor de soja do Brasil, é administrado pelo governador Mauro Mendes, um político pró-agronegócio e aliado do presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, que repetidamente disse que o Brasil tem muitas áreas protegidas e prometeu não criar mais.

A secretária de Estado do Meio Ambiente de Mendez é Maureen Lazaretti, uma advogada que trabalhou para defender madeireiros contra acusações criminais relacionadas ao meio ambiente.

Durante seu mandato, Mato Grosso encontrou um pior desastre ambiental na história brasileira. Em 2020, 40% do bioma Pantanal do estado foi queimado por incêndios florestais, a zona úmida tropical mais difundida do mundo. Mendes assinou na quinta-feira uma lei que permite a criação de gado nas áreas de conservação especial do Pantanal.

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Por e-mail, o ministro do Meio Ambiente de Mato Grosso disse que prosseguiria com a dissolução do parque e não recorreu por ser “considerado tecnicamente inviável”. A agência observou que o vizinho Parque Estadual Cristalino 1 continua sendo uma área protegida e cobre 66.000 hectares (163.000 acres) da floresta amazônica.

Em nota, o Observatório Socioambiental Mato-grossense, uma rede sem fins lucrativos, disse que a extinção do parque abriu um “precedente perigoso” e que o governo do estado mostrou ser incapaz de proteger as áreas protegidas. Ela está avaliando opções legais para preservar Cristalino II.

“O público não deve pagar o preço pela omissão e incompetência do estado de Mato Grosso”, disse Angela Kocac, chefe da Rede Nacional de Unidades de Conservação, à Associated Press.

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