O Brasil está repleto do potencial de suas abelhas originais

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BRASÍLIA (AFP) – O apicultor brasileiro Luis Lustosa levanta a tampa de uma colmeia de madeira. A reação foi imediata e furiosa, pois milhares de abelhas o envolveram em uma nuvem zumbidora.

Lustosa não usa um traje ou luvas especializadas, mas apenas uma rede leve para cobrir o rosto. Essas abelhas urticantes.

“Que maravilha!” Lustosa se maravilha com os bicos de cera cheios de mel da colméia, onde as abelhas o atacam ferozmente, mas impotentes – não menos infantilmente surpresos por seus seis anos de trabalho com insetos.

As abelhas brasileiras há muito esquecidas estão voltando, com pessoas como Lustosa, uma funcionária do governo de 66 anos, juntando-se ao movimento para melhorar sua imagem.

Das 550 espécies de abelhas sem ferrão conhecidas nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, cerca de 250 estão no Brasil, segundo Cristiano Menezes, da Fundação Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa.

Mais raro, aquele mel de abelha local é muitas vezes mais caro
Mais raro, aquele mel de abelha local é muitas vezes mais caro Fernando Maron FB

No entanto, eles são tão desconhecidos fora das comunidades rurais e indígenas que as abelhas européias e africanas que foram trazidas para o Brasil ao longo dos séculos por suas habilidades mais prolíficas na produção de mel e cera, se relegaram a menos.

A maior parte do mel brasileiro hoje vem de abelhas não nativas.

“Aqui para nos ajudar”

Lustosa é presidente do Native Bee Institute, uma organização sem fins lucrativos que planta árvores para expandir os habitats das abelhas nativas e educar as pessoas sobre seu importante papel como polinizadores.

As abelhas representam 80% das plantas polinizadas por insetos
As abelhas representam 80% das plantas polinizadas por insetos Fernando Maron FB

“Explicamos às crianças que as abelhas não picam, que são essenciais para o meio ambiente e a natureza e estão lá para nos ajudar”, disse Lustosa à AFP na sede do instituto em Brasília, onde realiza oficinas e vende mel original. .

Um estudo de 2016 estimou que cerca de 1,4 milhão de empregos e três quartos de todas as culturas em todo o mundo dependem de polinizadores como as abelhas – um serviço gratuito, mas que vale dezenas de bilhões de dólares, de acordo com estudos científicos.

Abelhas brasileiras não picam
Abelhas brasileiras não picam EVARISTO SA AFP

As abelhas representam 80% das plantas polinizadas por insetos.

Ao contrário de suas contrapartes imigrantes, as abelhas brasileiras são exigentes, alimentando-se exclusivamente de frutas e pólen de árvores frutíferas nativas e abacates – cuja polinização é crucial.

Jeronimo Villas Boa, apicultor e ecologista local, disse que os apicultores “dependem da vegetação, de uma floresta saudável” para as abelhas se alimentarem.

“Por isso, os apicultores são agentes de conservação.”

Das 550 espécies conhecidas de abelhas sem ferrão no mundo, acredita-se que cerca de metade esteja no Brasil.
Das 550 espécies conhecidas de abelhas sem ferrão no mundo, acredita-se que cerca de metade esteja no Brasil. EVARISTO SA AFP

Villas-Boas ajuda as comunidades aborígenes a melhorar a qualidade do mel original que produzem e os conecta com os compradores em um esforço para colocá-lo nas “obras” líquidas doces desejadas.

“As abelhas permitem que as empresas tenham um impacto positivo na sociedade, no meio ambiente e na agricultura”, diz Menezes.

As abelhas nativas produzem mel que os proponentes afirmam ser mais saudável por seu baixo teor de açúcar. O sabor e a acidez variam de um tipo para outro.

Eles produzem cerca de 30 vezes menos mel do que seus primos azedos e, como resultado, o mel local custa cerca de US$ 55 o quilo no Brasil, comparado a US$ 6 o quilo do outro.

Um dos clientes de Villas-Boas é o chef brasileiro Alex Atala, cujo restaurante DOM, em São Paulo, possui duas estrelas Michelin por sua culinária local.

O autêntico mel de abelha topi é um ingrediente chave em um dos premiados pratos de mandioca de Atala cozidos no leite.

As abelhas brasileiras, há muito esquecidas, estão começando a retornar
As abelhas brasileiras, há muito esquecidas, estão começando a retornar EVARISTO SA AFP

“Temos um mundo tão rico quanto o mundo do vinho que devemos conhecer”, disse Atala à AFP.

“Comer nossa biodiversidade vai gerar valor para produtos que hoje estão esquecidos e desvalorizados.”

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