O Brasil descobre seu primeiro caso do gênero na África do Sul, e uma grave escassez se aproxima à medida que aumenta o número de mortos

São Paulo (Reuters) – O Brasil registrou seu primeiro caso confirmado de coronavírus altamente contagioso detectado na África do Sul, um novo indicador de ameaça para um país já dilacerado pelo pior número de mortes diárias do mundo e que busca abrir espaço para sepultamento.

Pacientes com Doença do Coronavírus (COVID-19) são atendidos em hospital de campanha instalado no ginásio Dell’Antonia, em Santo André, na periferia de São Paulo, Brasil, em 7 de abril de 2021. REUTERS / Amanda Perobelli

Cientistas alertaram na quarta-feira que outra nova espécie pode emergir na cidade do interior de Belo Horizonte, Brasil.

A Universidade Federal de Minas Gerais disse em nota que duas amostras colhidas na cidade continham um conjunto de 18 mutações até então inéditas, incluindo algumas nos mesmos genes modificados pela variante sul-africana e pela já dominante variante brasileira, conhecida como P.1 .

A descoberta de variantes adicionais aumenta as preocupações de que a onda de COVID-19 brutal que atinge o Brasil possa continuar a quebrar recordes sombrios nas próximas semanas. Na terça-feira, o Ministério da Saúde anunciou o recorde em um único dia de 4.195 mortes, seguido por mais 3.829 mortes na quarta-feira.

São Paulo, maior cidade do país, disse nesta quarta-feira que começará a abrir cerca de 600 novos cemitérios por dia, bem acima do recorde de 426 cemitérios por dia em 30 de março. A cidade também está preparando planos para um “cemitério vertical”, uma cripta com 26.000 túmulos em forma de escada que poderia ser construída em 90 dias, uma vez aprovada.

Alguns especialistas médicos prevêem que o surto no maior país da América do Sul pode ultrapassar os Estados Unidos e se tornar o mais letal do mundo.

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Uma mulher paulista foi confirmada pela primeira vez com o vírus sul-africano pelo Instituto Biomédico Botantan como possível caso de uma nova variante local. Uma análise adicional confirmou ser o primeiro caso local conhecido da variante amplamente difundida na África do Sul e em outros lugares.

Os cientistas temem um confronto entre a variante sul-africana e a variante brasileira P.1, ambas mais contagiosas e potencialmente mais letais do que a versão original do coronavírus, exacerbando as mutações do COVID-19.

“Pode ser um grande duelo”, disse Maria Carolina Sabaaga, uma das coordenadoras de Botantan para o estudo das novas variantes. “Acho que o P.1 já assumiu. Não tenho certeza se a África do Sul vai vencer o P.1, vamos ver.”

A alternativa sul-africana em estudos parece reduzir a proteção das vacinas atuais.

O pesquisador do Butão, José Pattani, disse que a substituta provavelmente chegou ao Brasil depois de viajar pela Europa no final de 2020.

Pesquisadores disseram que o primeiro diagnóstico local, de uma mulher na casa dos trinta na cidade de Sorocaba, não viajou para o exterior nem interagiu com uma pessoa que o fizesse, o que indica transmissão da infecção da comunidade local.

Curso lento da vacina

O potencial aumento da variante sul-africana pode complicar ainda mais a introdução da vacina lenta no Brasil.

O programa de imunização COVID-19 do Brasil é baseado em vacinas da AstraZeneca Plc e da chinesa Sinovac Biotech Ltd, que se mostraram eficazes contra a variante brasileira em estudos preliminares, de acordo com autoridades.

Pesquisa publicada na quarta-feira mostrou que a injeção de Sinovac foi 50% eficaz na prevenção dos sintomas de COVID-19 em um estudo com quase 68.000 profissionais de saúde em Manaus, onde a cepa P.1 apareceu pela primeira vez como a alternativa dominante. Os resultados apóiam as conclusões preliminares de uma pesquisa separada relatada pela Reuters no mês passado.

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As operações de vacinação diminuíram no Brasil depois que o governo no ano passado desacelerou a obtenção de vacinas, enquanto outros países se esforçavam para garantir o abastecimento.

O presidente Jair Bolsonaro mudou seu tom em relação às vacinas, elogiando os tiros que ele desprezava até recentemente. Mas o ex-capitão do Exército de extrema direita ainda se opõe ao distanciamento social e esconde requisitos que os especialistas em saúde consideram essenciais para conter a transmissão do vírus.

Sob pressão de líderes empresariais desesperados para vacinar sua força de trabalho e reabrir as operações, a Câmara dos Representantes no Congresso aprovou um projeto polêmico para permitir a compra de vacinas do setor privado. Com a Câmara dos Deputados encerrando a votação das emendas na quarta-feira, o projeto agora segue para apreciação do Senado.

A proposta permitiria às empresas obter vacinas para vacinar seus funcionários, desde que doassem o mesmo número de vacinas ao sistema público de saúde. Pelas regras atuais, as empresas só podem fazê-lo após o estado vacinar totalmente os grupos de risco estipulados no Plano Nacional de Imunização.

Reportagem de Eduardo Seamus em São Paulo e Pedro Fonseca no Rio de Janeiro; Escrito por Jake Spring, editado por Brad Haynes, Bill Berkrot e Lisa Schoomaker

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