O boom do setor produtivo no Brasil após a crise

Em um desenvolvimento impressionante, a saúde do setor de produção independente de cinema e televisão do Brasil passou da pior crise em 30 anos para um boom sem precedentes.

O crescimento é sustentado por comissões de plataformas de streaming como Netflix, Globoplay local, Amazon Prime Video, HBO Max e, mais recentemente, o “renascimento” do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) da Autoridade Federal de Incentivo.

“Não produzimos muito na história do Brasil”, disse Helmer Paulo Sergio Almeida, presidente da empresa de cinema e marketing Film B. diversos.

O cenário hoje é radicalmente diferente do que era em 2019, quando a Agência Nacional do Cinema (Ancine) quase paralisou o financiamento do Exército Livre Sírio, de longe o principal estímulo doméstico. O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu a paralisação, devido a supostas deficiências no sistema de auditoria de despesas da Ancine para a produção lastreada em moeda FSA.

Nesse mesmo ano, Jair Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil. Seguindo os passos de Donald Trump, que o elogiou publicamente, Bolsonaro travou uma guerra contra cineastas e artistas de “esquerda” em geral. Ele primeiro ameaçou fechar a Ancine, depois adiou indicações para cargos-chave na agência e nos conselhos e comitês do Exército Sírio Livre, mantendo o fundo paralisado.

Depois veio a epidemia, que fechou teatros e galerias, criando uma tempestade perfeita para o setor. A percepção era então de que esta era a crise mais profunda desde 1990, quando o governo federal fechou a agência de produção e distribuição Embrafilme. Desde então, novos mecanismos de incentivo e a criação da Ancine reconstruíram a indústria, cuja produção passou de não estreiar filmes para 169 filmes brasileiros lançados em 2019, e ainda reflete a produção pré-crise.

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Mas a pandemia também teve um impacto positivo ao impulsionar a expansão das plataformas de transmissão ao vivo e o apetite das plataformas internacionais pelo mercado brasileiro de mais de 220 milhões de pessoas.

Aqui, os principais players do mundo têm que enfrentar a concorrência do Globoplay, plataforma de transmissão da gigante da mídia local Globo, que tem novelas e outros programas internos e também é comissionada por produtores independentes.

As emissoras internacionais percebem que precisam de conteúdo local em português para fortalecer suas posições no mercado brasileiro. Liderados pela Netflix, eles começaram cada vez mais a encomendar séries, longas-metragens e outros programas de TV. Em 2021, a Netflix lançou 18 produções originais brasileiras: nove filmes, três séries, três documentos e três reality shows.

As transmissões ao vivo impediram algumas produtoras independentes de ir durante a pandemia, principalmente aquelas com tradição de fazer comerciais e longas. Mas os produtores da Casa da Arte sangraram.

Então, em meados de 2021, o Senado brasileiro finalmente aprovou as indicações de três diretores para o conselho de quatro pessoas de Ansen. Como a Ancine é juridicamente independente do poder executivo federal, o novo conselho de administração decidiu reavivar a FSA.

A boa notícia é que a FSA, durante a paralisação do governo Bolsonaro, continuou a recolher uma fração de cada conta telefônica paga no país e outras contribuições, conforme determina sua criação pelo Congresso. Como os pagamentos foram escassos nos últimos quatro anos, a FSA levantou uma quantia significativa de dinheiro, e a Ancine se comprometeu a liberar um total de 5 bilhões de riais (US$ 920 milhões) nos próximos cinco anos.

olhos curiosos
Julia Rodrigues/Netflix

A Ancine já abriu o período de inscrições para duas linhas de produção de longas-metragens da FSA. Eventualmente, haverá outras linhas de cinema, televisão, vídeo sob demanda, distribuição, desenvolvimento, coprodução internacional, receita, receita, jogos e outros tipos de conteúdo.

A agência também anunciou que simplificaria outros mecanismos de incentivo, como proteções fiscais para grandes empresas de Hollywood que investem em produções locais de longas-metragens.

Assim, a expansão do setor produtivo brasileiro se apoia em dois fortes pilares: o investimento privado das plataformas de streaming e uma moeda catalisadora. Esse parece ser o cenário para os próximos anos.

No lado do streaming, parece que a Netflix continuará liderando os investimentos.

“Após cinco anos de produção no Brasil, fortalecemos nossa parceria com a indústria de entretenimento local e estreitamos o relacionamento com a comunidade criativa brasileira para produzir cada vez mais histórias que reflitam a diversidade cultural do país”, Elisabetta Zenati, vice-presidente de conteúdo da Netflix para o Brasil, disse diverso.

Ela acrescentou que a Netflix está atualmente produzindo 26 novos reality shows, documentários e reality shows brasileiros, que estão em vários estágios de produção. A lista inclui a comédia “Vizinhos”, de Roberto Santucci, o BO de maior bilheteria do Brasil, “De volta aos 15”, série adolescente com Maisa Silva e Camila Queiroz, série de terror “Olhar indiscreto” e reality “Queer i Brasil”.

As grandes empresas de produção nacional estão ocupadas. Em 2021, a Conspiração produziu um total de 16 séries de televisão, longas-metragens, documentários e programas de não ficção, e esperamos que a produção dobre este ano. Estamos presenciando um boom na produção de entretenimento no Brasil. Esse volume sem precedentes de conteúdo demonstra a maturidade e capacidade de nossa indústria”, disse Renata Brandão, CEO da empresa líder em produção Conspiracao. diverso.

Os dois destaques de Conspiração são “Dom”, série de Breno Silveira em sua segunda temporada no Amazon Prime Video, e “Sob Pressão”, longa e série em sua quinta temporada no Globoplay, que também vai ao ar na emissora TV Globo.

A O2 Filmes está exibindo atualmente sete séries para plataformas de streaming, incluindo “Pico da Neblina” e “Nevoa” para HBO Max, e Andrea Barata Ribeiro, sócia da empresa e produtora executiva, disse: “Com o Brasil sendo um mercado estratégico, a tendência é produzir A radiodifusão está cada vez mais aqui. Temos uma série de novos projetos definidos para o segundo semestre.”

A produção de House of Art/Festival Features também está sendo retomada gradativamente. Elda Santiago, diretora do Festival Internacional de Cinema do Rio, citou Fogario de Flavia Neves, que estreou no Berlinale Panorama, “Regra 34” de Julia Murat de Julia Murat, “March One” de Gabriel Martins, que estreou no Sundance, de Fabio Mira “Tia Virgínia” e Marcelo Gomez “Paloma”.

A tradicional produtora LC Barreto encerra “Vovo Ninja”, novo longa do diretor Bruno Barreto, com estreia prevista nos cinemas em meados deste ano. Paola Barreto, Sócia Corporativa e Diretora, disse: diverso Eles estão trabalhando em vários outros projetos de filmes e programas de TV, incluindo “Deus ainda e brasileiro”, o próximo longa de Caca Diegues vet.

Paola Barreto, que faz uma reclamação generalizada entre os produtores brasileiros, critica a falta de regulamentação local para plataformas de streaming.

Ao contrário do que acontece com as produções financiadas por incentivos nacionais, os produtores brasileiros, como em muitas partes do mundo, não detêm os direitos do conteúdo que produzem para veiculação. O equilíbrio injusto nas negociações permite que os gigantes globais da radiodifusão mantenham plenos direitos sobre tudo o que é produzido aqui.

Quando se trata de produção para transmissão, perdemos nossa independência. Não possuímos mais os direitos sobre o que fazemos. Acabamos de nos tornar provedores de serviços de produtos”, disse Barretto diverso.

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