Mercado de mobilidade elétrica no Brasil está em expansão, mas enfrenta gargalos

O Brasil passou de 100.000 veículos elétricos nas estradas em julho pela primeira vez desde que a associação local de veículos elétricos ABVE iniciou sua série histórica em 2012.

As vendas de veículos eletrificados este ano até 26 de julho totalizaram 23.033 veículos leves, um aumento de 31% em relação aos 17.524 nos primeiros sete meses de 2021.

Fonte: ABVE

Esses números incluem Veículos Elétricos Híbridos (HEV), Veículos Elétricos Híbridos Plugados (PHEV) e Veículos Elétricos a Bateria (BEV), bem como carros, veículos comerciais leves, SUVs e veículos utilitários.

Durante evento em São Paulo na semana passada, o presidente da ABVE, Adalberto Malouf, comemorou os números, mas alertou para os desafios que devem ser superados para que o setor continue crescendo.

“Precisamos de uma política nacional de mobilidade elétrica, ou seja, políticas públicas alinhadas e coordenadas entre os governos federal, estadual e municipal para incentivar a transição da combustão interna para veículos elétricos”, afirmou.

Os empresários locais também apontaram alguns dos gargalos existentes que dificultam o crescimento nessa área.

De acordo com Antônio Norberto Mateus Filho, chefe de mobilidade elétrica da rede de franquias de energia renovável Kinsol Energias, o principal problema no Brasil são os pontos de recarga.

“Hoje temos menos de 5.000 estações onde os clientes que possuem um veículo 100% elétrico ou híbrido podem recarregar seu carro, enquanto em outros países como a Alemanha o número ultrapassa um milhão”, disse ele à BNamericas.

Pensando nisso, empresas como Volvo, GWM, Raízen, GreenYellow, Audi, Engie e EDP, entre outras, estão investindo em postos de recarga em todo o país.

A Kinsol espera vender mais de 250 estações e aumentar as receitas de até 5 milhões de riais (US$ 960.000) até o final deste ano.

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O aumento de postos de recarga está focado na demanda no sudeste do Brasil, mas o centro-oeste do país também deve ver expansão.

“Como outros países, o crescimento começará primeiro nos grandes centros e só depois se expandirá para cidades do interior”, disse Mauricio Crivlin, CEO da Kinsol, à BNamericas.

João Hannud, diretor da Cicloway, empresa de mobilidade elétrica urbana, destacou que falta clareza para fabricantes e distribuidores quanto às regras para cada tipo de veículo elétrico.

“Se a altura do veículo for superior a 1,15 metros, é necessária uma placa. Além disso, o carro não pode mais usar ciclovias. Mas há um grupo muito diversificado de carros elétricos e nem sempre é claro se e como as regras devem ser aplicadas”, disse ele para BNamericas.

A empresa trabalha com mais de 20 modelos de veículos elétricos como bicicletas, motocicletas, cultivadores, patinetes e carrinhos elétricos, com o objetivo de reduzir custo, eficiência e sustentabilidade operacional nos transportes em centros de distribuição, shopping centers, segurança, patrulhas, transporte público , coleta de recicláveis ​​e circulação nas cidades.

Atualmente, possui 150 riquixás alugados e espera chegar a 450 unidades até o final do ano.

“Estamos passando por um processo de captação de recursos com uma empresa de consultoria de fusões e aquisições para chegar a 5.000 carros alugados”, disse Hanod.

A ciclovia “Formigão” é capaz de movimentar cargas de até 600 kg mais o motorista

Os fatores que motivaram esse local incluem a expansão dos serviços de entrega em meio à pandemia do COVID-19, a agenda ESG e o aumento dos preços dos combustíveis fósseis.

Enquanto os riquixás são capazes de alcançar áreas de difícil acesso, como as favelas do Brasil, os veículos elétricos tradicionais também exigem custos de manutenção menores do que os veículos com motores de combustão interna, além de não produzirem poluição direta.

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“Um carro elétrico contém 20% das peças de um carro a combustão. Sua manutenção consiste principalmente em calibrações e inspeções de sistemas elétricos, que não contêm elementos como filtros de óleo, velas de ignição e óleo de motor”, Carlos Gabriel Bianchin, engenheiro e especialista do Centro de Pesquisa, Tecnologia e Inovação Lactec, disse em um comunicado.

veículos pesados

Segundo a ABVE, havia 350 ônibus elétricos no Brasil no final de dezembro de 2021, mais da metade (218) na cidade de São Paulo.

Empresas como BYD e Mercedes-Benz estão investindo na produção de unidades elétricas no país.

Um estudo publicado este ano pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) indica que são necessários 390 bilhões de riais para eletrificar toda a frota de ônibus brasileira, o que representa 5% do PIB real do país de 7,4 trilhões de riais em 2020.

“Ao descontar esse custo ao longo de 30 anos e olhar para uma taxa de crescimento do PIB de 3% ao ano, chega-se à conclusão de que a transição para a eletrificação do transporte urbano brasileiro custará cerca de 0,2% do custo anual total de transporte do PIB do país por ano 2050 e exigirá que cerca de 3.500 ônibus a diesel sejam trocados por equivalentes elétricos a cada ano.”

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