Lula brasileiro reduz suas perdas após reveses na frente ambiental e indígena

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sofreu uma grande derrota em uma legislação crucial que protege a floresta amazônica e os povos indígenas que vivem nela, e foi forçado a reduzir suas perdas em um Congresso conservador.

Os legisladores apoiados pelo poderoso lobby agrícola deste centro agrícola votaram 283-155 na noite de terça-feira para aprovar um projeto de lei que limitaria o reconhecimento de novas reservas indígenas, uma decisão que ambientalistas e defensores dos direitos humanos consideraram um revés.

O governo minoritário de Lula enfrenta na quarta-feira outra grande votação na assembléia que limitará os poderes dos ministérios do meio ambiente e dos assuntos indígenas.

Mas, desta vez, Lula decidiu negociar a aprovação do decreto provisório para garantir que seja aprovado antes que expire na sexta-feira, o que desfaria uma reorganização do governo que aumentou para 37 o número de ministérios quando ele assumiu o cargo em janeiro.

Isso incluirá uma reestruturação do Ministério da Economia, onde comércio, indústria e planejamento orçamentário foram divididos em pastas separadas.

Os legisladores também rescindiram os decretos de terras do Ministério do Índio, enquanto o cadastro rural, uma ferramenta vital para deter o desmatamento, será administrado pelo Ministério da Agricultura e não pelo Ministério do Meio Ambiente.

Lula convocou uma reunião de emergência do Gabinete para discutir o dilema e contatou o presidente da Câmara, Arthur Lyra, com quem planeja se encontrar também, para garantir a aprovação da medida.

O principal e maior partido de oposição no Congresso, o Partido Liberal Conservador, ao qual pertence o ex-presidente de direita Jair Bolsonaro, disse que votaria contra o decreto de reestruturação.

Um retrocesso ambiental para a população indígena

A lei aprovada na terça-feira estabeleceria um prazo para o reconhecimento das reivindicações indígenas à terra e estipularia que elas devem ser ocupadas antes da promulgação da atual constituição do Brasil em 1988.

A proposta gerou protestos de grupos indígenas. Fora de São Paulo, a maior cidade do Brasil, os manifestantes bloquearam uma importante rodovia com pneus em chamas e usaram arcos e flechas para confrontar a polícia, que os dispersou com gás lacrimogêneo.

O Projeto de Lei 490 não afetaria as reservas atualmente reconhecidas, mas poderia afetar centenas de áreas sob avaliação. Isso foi rapidamente rastreado pela Câmara dos Deputados para evitar debates nas comissões.

A constituição garante o direito de um milhão de indígenas do Brasil de viver em suas terras ancestrais. A criação da reserva dá às suas comunidades proteção legal que pode impedir a invasão de madeireiros ilegais e garimpeiros indiscriminados.

Estes surgiram sob Bolsonaro, que defendia a agricultura comercial e a mineração mesmo em reservas reconhecidas.

Após a aprovação do projeto de lei, a Ministra do Índio, Sonia Guajara, disse que os deputados que apoiaram o projeto seriam “responsáveis ​​por aprovar um projeto de lei que ataca explicitamente a vida indígena no Brasil”.

O projeto ainda precisa da aprovação do Senado e da assinatura de Lula. Ele pode vetá-lo, mas pode haver apoio suficiente no Congresso para anulá-lo.

Reportagem adicional de Lisandra Paraguaso, Ricardo Brito e Maria Carolina Marcelo em Brasília

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