Jair Bolsonaro aumenta multas ambientais para proteger a floresta amazônica

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, assinou, na terça-feira, um decreto para intensificar as multas por crimes ambientais, segundo o diário oficial do governo, em um movimento para permitir uma proteção mais agressiva da floresta amazônica.

A Reuters informou com exclusividade hoje que Bolsonaro deve assinar a ordem executiva já na terça-feira.

O decreto aumenta o valor potencial das multas por falsificação de documentos para encobrir a extração ilegal de madeira, esclarece as consequências mais graves para infratores ambientais reincidentes e ajudará a reduzir o acúmulo de multas pendentes de cobrança.

As multas ambientais – que também visam infrações como caça, pesca e poluição não autorizadas – são uma das principais ferramentas do Brasil para combater o desmatamento ilegal.

O decreto, que entra em vigor imediatamente, é um dos primeiros passos concretos que o governo Bolsonaro tomou para reforçar a proteção da Amazônia depois de se comprometer a acabar com o desmatamento ilegal até 2028 na cúpula climática da ONU COP26 em novembro.

Preservar a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, é vital para evitar mudanças climáticas catastróficas devido às enormes quantidades de carbono do aquecimento global que ela armazena.

O decreto também é uma reflexão sobre Bolsonaro, que é um crítico vocal das multas ambientais. Em sua campanha de 2018, o ex-capitão do Exército de direita criticou a “indústria de multas” criada por agências ambientais para perseguir agricultores. Ele continuou a criticar as multas no período que antecedeu as eleições presidenciais de outubro.

O gabinete de Bolsonaro e o Ministério do Meio Ambiente não responderam aos pedidos de comentários.

De acordo com o decreto, a falsificação de documentos para introduzir madeira ilegal nas cadeias de suprimentos legais resultará em uma multa adicional de 300 riais (US$ 58,62) ​​por metro cúbico, com uma multa máxima de 50 milhões de riais. O limite anterior para fraude no sistema de rastreamento de madeira era de 1 milhão de OMR.

O decreto também elimina parte da rotina que o próprio Bolsonaro estabeleceu. Logo após assumir o cargo em 2019, o presidente assinou um decreto dando a indivíduos e empresas acusados ​​de crimes ambientais o direito a “sessões de reconciliação” que poderiam reduzir ou eliminar sanções.

Essas audiências vieram em cima de um sistema existente de adjudicação de multas que já permitia vários recursos.

Uma investigação da Reuters no ano passado mostrou que a etapa burocrática adicional, sem funcionários do governo suficientes para realizar sessões, significou que 17.000 multas se acumularam e não foram cobradas enquanto esperavam pelas massas.

José Sarne Filho, ex-ministro do Meio Ambiente de 2016 a 2018, disse: “As multas são muito importantes para frear o desmatamento, para assustar quem faz o desmatamento ilegal… principalmente na Amazônia. Esse novo movimento desacreditou as multas como ferramenta. “

Com as multas não cobradas, o desmatamento na Amazônia brasileira continuou a acelerar.

O desmatamento subiu para uma alta de 15 anos em 2021, de acordo com dados de satélite do governo. Dados preliminares mostram que a destruição estabeleceu um novo recorde para o período de janeiro a abril deste ano.

O novo decreto exige que aqueles que enfrentam multas solicitem uma audiência de apelação de “reconciliação”, em vez de serem concedidas automaticamente, uma medida que pode reduzir o atraso.

desvio de política

O decreto se soma aos esforços de Bolsonaro desde o ano passado para mostrar que seu governo está levando a proteção ambiental mais a sério, após pressão de líderes europeus e norte-americanos para proteger a floresta amazônica.

Bolsonaro apresentou a meta de neutralidade de emissões do país durante a Cúpula do Dia da Terra da Casa Branca em abril de 2021. Ele disse à Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro que o Brasil estava dobrando seu orçamento para fiscalização ambiental.

Na cúpula climática das Nações Unidas em novembro em Glasgow, o Brasil se comprometeu a interromper o desmatamento ilegal até 2028.

Mas até agora, poucas mudanças políticas reverteram um plano para cumprir essas promessas, já que as evidências de desmatamento continuam aumentando, de acordo com Ana Karen Pereira, professora de política ambiental da Universidade de Brasília.

A maior parte do orçamento de fiscalização de 2021 não foi gasto, trazer funcionários de volta às principais agências de conservação tem sido lento e Bolsonaro ainda está pedindo mais mineração e agricultura comercial na Amazônia.

Falando à sua base política entre os agricultores, Bolsonaro também continua a criticar as multas ambientais.

Em janeiro deste ano, Bolsonaro disse em um evento agrícola que cortar multas ambientais era um sinal do sucesso de seu governo.

Acabamos com os grandes problemas ambientais, principalmente no que diz respeito às multas. Eles têm que estar lá? sim. “Mas discutimos e reduzimos as multas em campo em mais de 80%”, disse Bolsonaro.

O órgão de fiscalização ambiental Ibama não respondeu a perguntas sobre dados oficiais para apoiar a estimativa de Bolsonaro. (1 dólar = 5,1179 riais)

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