São Paulo (Reuters) – A economia do Brasil deve se contrair no próximo ano, com o banco central aumentando as taxas de juros em meio a preocupações com o aumento dos gastos do governo, disseram na segunda-feira analistas dos maiores bancos da América Latina, repreendendo o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Economistas do Itaú Unibanco revisaram sua projeção de crescimento econômico para 2022 de 0,5% para -0,5%, acrescentando que esperam que a taxa básica de juros do Brasil suba para 11,25%, enquanto o banco central tenta manter a inflação sob controle.
O banco havia visto anteriormente um aumento de 9% nas taxas de juros.
As ações brasileiras e a moeda real foram prejudicadas na semana passada depois que o governo do presidente Jair Bolsonaro – que deve se candidatar à reeleição no ano que vem – agiu para aumentar o teto de gastos constitucionais do país, enviando quatro funcionários-chave do Tesouro para cá.
O Itaú previu que uma perspectiva fiscal mais frouxa forçaria o banco central a aumentar as taxas de juros de forma mais agressiva, sufocando a frágil recuperação da profunda recessão do COVID-19.
Os analistas agora esperam um aumento de 150 pontos-base nas taxas de juros nas reuniões de política desta semana e em dezembro, ante um aumento total de pontos percentuais nas reuniões recentes.
O relatório do Itaú acrescentou que aumentos adicionais de 100 ou 125 pontos-base não conseguiriam controlar a inflação, enquanto qualquer coisa acima de 150 pontos-base poderia levar o Brasil a uma recessão profunda.
Em discurso em Brasília no final do dia, o ministro da Economia, Guedes, apareceu para responder ao relatório do Itaú, dizendo que a economia do país havia superado as expectativas em 2021.
“Já estão dizendo que (o Brasil) não vai crescer”, disse Guedes. “Você vai crescer de novo.” (Reportagem de Jose de Castro; Reportagem adicional de Marcela Ayres em Brasília; Escrita de Gram Slattery; Edição de Sandra Mahler)