Gasoduto Nestor Kirchner: Delegação vai ao Brasil para garantir vendas de gás natural

Uma delegação da Secretaria de Energia viaja ao Brasil esta semana com o objetivo de acelerar o processo de integração energética bilateral. A expectativa é que eles se encontrem com Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, região que se destaca por ser uma potencial porta de entrada para o gasoduto Nestor Kirchner e um importante destino das exportações locais. As autoridades estimam que as vendas de gás natural para o Brasil podem refletir um déficit comercial de longa data na balança comercial bilateral do país.

Atualmente, o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, busca acelerar o acordo diplomático que o presidente Alberto Fernandez assinou com Lula da Silva no início deste ano, que inclui iniciativas em mais de uma dezena de áreas. Nesse contexto, ele se reunirá com autoridades e empresários, destacando a integração energética como um dos principais pontos de sua agenda.

Argentina e Brasil negociam há anos a construção do segundo trecho do gasoduto Nestor Kirchner, que permitirá a exportação do gás de Vaca Muerta para o sul do país vizinho. No final do ano passado, a ministra da Energia, Flávia Royon, disse que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social concederia uma linha de crédito de US$ 689 milhões para financiar as importações de aço necessárias para o negócio. A Andean Development Corporation adicionará outros US$ 540 milhões para acelerar a iniciativa.

Além da construção do segundo trecho do gasoduto, o objetivo agora é garantir as vendas de gás natural para o Brasil.

Apesar das reivindicações dos produtores locais, o ministro da Economia do governo de Lula, Fernando Haddad, confirmou a intenção de comprar gás da Argentina.

“Com a queda da produção de gás na Bolívia, a demanda do Brasil estará ativa, mesmo que utilize a produção do pré-sal”, disse Haddad há alguns dias, quando questionado sobre as tensões que surgiram em torno do tema. “Portanto, financiar a indústria siderúrgica brasileira para construir um gasoduto, com gás natural como garantia, não é uma contradição.”

Fontes diplomáticas disseram que as vendas de gás para o Brasil podem levar ao crescimento das exportações no médio prazo, o que pode reverter o déficit da balança comercial bilateral, que foi de US$ 3,5 bilhões em média na última década.


agenda intensa

Cioli, que anunciou sua candidatura à presidência há alguns dias, também se reunirá com o governador da província de Misiones, Oscar Herrera Ahuad, e ambos também se reunirão com grupos empresariais locais. A delegação de Misiones apresentará o projeto Silicon Misiones, que está em andamento há dois anos e, portanto, neste caso, o foco está na separação de ciência e tecnologia do acordo que os dois países assinaram recentemente.

Em seguida, o embaixador se reunirá com representantes do Itamaraty dos ministérios da Educação, Transportes e Energia do Brasil para discutir diversos projetos que visam fomentar o comércio bilateral. Ele também se reunirá com representantes de empresas como John Deere, Treves e Lomaplast, que têm projetos de investimento.

Por fim, viajará a Mendoza para participar da Festa Nacional da Colheita junto com empresas brasileiras compradoras de vinhos argentinos. Eles participarão de viagens de negócios com seus pares argentinos e se encontrarão com o governador de Mendoza, Rodolfo Suarez.

Autor: Anders Lerner / Originalmente publicado em Ambito.com / Traduzido por Augustin Mango

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