Embora um técnico europeu aumente as esperanças do Brasil na Copa do Mundo, também é uma fonte de preocupação para os técnicos nacionais

Tim VickeryCorrespondente da América do Sul5 minutos para ler

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o A Liga dos Campeões continua com muitos brasileiros em campo, mas nenhum nas laterais. O país não oferece treinadores para competir e não oferece há algum tempo, com exceção da curta e malsucedida passagem de Sylvinho pelo Lyon em 2019.

Os treinadores sul-americanos tiveram sucesso em clubes europeus – como comprovado por nomes como Diego Simeone, Mauricio Pochettino e Manuel Pellegrini. Mas os brasileiros não conseguem encontrar o caminho. A comissão técnica do Brasil reclama que suas qualificações nacionais não foram aceitas pela Uefa. Isso é verdade, mas pouco relevante. Seus treinadores simplesmente não são procurados – isso é evidenciado pelo fato de perderem espaço na casa.

Metade dos clubes de primeira divisão no Brasil são agora treinados por estrangeiros, com destaque para os treinadores portugueses. Jorge Jesus Curta um 2019 mágico com o Flamengo. O compatriota Abel Ferreira apresentou um impressionante conjunto de trabalhos consistentes para o Palmeiras. E com um orçamento mais modesto, a passagem do argentino Juan Pablo Voevoda pelo Fortaleza foi um grande sucesso.

O sucesso gera imitadores, e é natural que outros clubes sigam esse caminho. De fato, não há um único candidato brasileiro forte à vaga de técnico da seleção brasileira. Nomear um estrangeiro para assumir o cargo sempre pareceu impensável – mesmo agora, quando parece inevitável.

Então, o que deu errado? O Brasil é, afinal, o único país a ter conquistado a Copa do Mundo cinco vezes – e sempre com um técnico brasileiro. Mas isso é definitivamente parte do problema. O futebol é um processo dinâmico. O sucesso traz consigo uma armadilha. É fácil começar a se sentir complacente, tanto em relação ao futuro quanto ao olhar para o passado.

Os treinadores brasileiros certamente têm razão em se sentir historicamente desvalorizados. O crédito pelo sucesso sempre foi para o gênio individual dos jogadores. O árduo trabalho de preparação e tática costuma ser esquecido. O desenvolvimento do quadrante traseiro, por exemplo, raramente é mencionado. Foi lançado em 1958, quando o Brasil conquistou a Copa do Mundo pela primeira vez, sem sofrer nenhum gol até as semifinais. Depois que Pelé e companhia venceram três Copas do Mundo em quatro tentativas, esqueceu-se que o intenso trabalho tático das décadas de 1940 e 1950 foi fortemente influenciado por nomes como Ondino Vieira, do Uruguai, e Béla Guttmann, da Hungria, ambos bem-sucedidos. O jogo doméstico no Brasil.

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Europa ao lado dela geografia. A proximidade entre os países permite a fertilização cruzada de ideias, com Holanda, Itália, Espanha e Alemanha desfrutando de períodos de supremacia ideológica nos últimos tempos. O Brasil saiu do circuito e pagou o preço. Nas últimas duas décadas, os grandes nomes que surgiram – Vanderlei Luxemburgo no Real Madrid e Luiz Felipe Scolari no Chelsea – desapareceram rapidamente porque ainda parecem presos em sua terra natal. Os adversários bloquearam o lateral-atacante e atacaram o espaço atrás dele.

Mas na era da globalização, quando todos têm acesso aos mais modernos métodos táticos, por que o Brasil conseguiu desenvolver um novo candidato à liderança de um dos principais clubes europeus? A resposta aqui definitivamente tem muito a ver com a forma como o futebol nacional brasileiro funciona. É difícil regulamentar o jogo em um país do tamanho de um continente, e o resultado é um acordo político de alto risco que impõe um calendário caótico aos grandes clubes. Há muitos jogos e muito tempo de viagem.

Há alguns anos, um famoso técnico argentino, Marcelo Bielsa, foi procurado por um clube brasileiro. Um de seus ex-jogadores o aconselhou a não fazê-lo – simplesmente não haveria o suficiente de seu amado tempo no campo de treinamento. Existem outros fatores a serem mencionados – altas temperaturas, por exemplo, e tons abaixo da média.

Tite, que deixou o cargo de técnico da seleção após a Copa do Mundo de 2022, tentou argumentar a favor da necessidade de melhores superfícies de jogo, mas admitiu que sua mensagem não foi entregue. Além disso, na cultura do futebol brasileiro, o técnico é sempre o homem da queda. Muitos clubes e seus torcedores têm expectativas irrealistas. Nas últimas décadas, o foco do jogo mudou de regional para nacional e continental – e não há títulos importantes suficientes na mesa para todos os clubes manterem o status de gigante que reivindicam.

Os treinadores pagam por isso. Não há segurança no trabalho. Quase todos os treinadores são, na verdade, chefes interinos, soluções de curto prazo que serão demitidos mais cedo ou mais tarde. Os fãs esperam isso, alguns meios de comunicação geralmente pagam por isso e os diretores usam isso para aliviar a pressão.

Junte todos esses fatores e não seria surpreendente que aqueles que fazem carreira como treinador no Brasil acabem sendo pragmáticos conservadores, ansiosos para evitar o risco que pode levar à sua substituição. Os períodos de gestão do clube costumam ser tão curtos que é difícil julgar o trabalho de um treinador. E assim, enquanto você está na Europa Tiki taka desafiado por Gegenpressingque por sua vez enfrenta seu próprio desafio, o Brasil pode parecer parado no tempo.

Sempre há esperança no horizonte. Fernando Diez tem sido um treinador interessante há anos. A última temporada com o Fluminense foi a melhor até agora, com seu futebol caótico e baseado na posse de bola tornando seu time uma alegria de assistir. Enfrenta uma grande campanha, como Mauricio Barbieri, o jovem promissor patrão do Vasco da Gama. Talvez eles possam liderar uma nova geração de treinadores brasileiros que são capazes de fazer um nome tão grande quanto alguns dos craques do país.

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