Buenos Aires Times | Clubes de futebol brasileiros dominam o continente – e a diferença está aumentando

Há algumas semanas, circulou um documento nos escritórios de alguns dos melhores clubes de futebol da Argentina: era um relatório detalhando os prêmios concedidos ao vencedor da Copa del Rey, a primeira competição da Copa do país vizinho, a Copa Argentina. A informação que revelou gerou os mesmos sentimentos entre todos que a leram: um misto de frustração e indignação. Números? 15 milhões de dólares para o campeão no Brasil, contra 250 mil dólares (ao câmbio oficial) em nosso país. Cerca de sessenta vezes menos.

Essa enorme disparidade explica e valida o que vemos na TV em todos os torneios regionais: as equipes brasileiras estão cada vez mais superando as equipes argentinas e outras da região. Por isso, nos últimos cinco anos, os clubes brasileiros chegaram a quase todas as finais das competições sul-americanas. Isso foi comprovado novamente na semana passada: três dos quatro finalistas continentais são do Brasil. A final da Copa Libertadores será decidida entre Flamengo e Atlético Paranaense, enquanto a Copa Sul-Americana reunirá São Paulo e Independiente del Valle do Equador.

Existe alguma razão, além do dinheiro, que poderia explicar a enorme lacuna que surgiu e ficou evidente na última semifinal da Libertadores entre o Flamengo e o argentino Velez Sarzfeld (o jogo de duas mãos terminou 6-1 no total para lado brasileiro)? Não, diz Horacio Gennari, empresário e consultor especializado em futebol e marketing: “É apenas dinheiro. Nenhum clube pode manter os jovens e bons jogadores da Argentina. Por outro lado, o Brasil tem uma moeda forte que atrai qualquer jogador de futebol”.

“Não podemos competir com esses contratos em dólar. E não apenas contra o Brasil, hoje até o Defensor Sporting do Uruguai ou a Universidad de Chile são objetivos indescritíveis para a maioria dos clubes argentinos”, disse um importante presidente de clube na Liga Profesional de Fútbol. Perville Há poucos meses atrás.

O contexto determina quase tudo: uma economia em crise como a Argentina gera clubes em crise ou times frágeis. Gennari resume claramente: “Pobre país, pobre futebol”.

orçamentos

As dificuldades podem ser identificadas com um pouco de escavação. De acordo com as contas oficiais publicadas do clube, o orçamento 2021/2022 para a equipe profissional do Boca Juniors, que é tradicionalmente uma das instituições financeiras mais poderosas, é de 2,096 bilhões de pesos para a equipe de jogo (distribuídos entre salários e bônus) e 395 milhões de pesos para treinamento. Funcionários – no total, 2,491 bilhões de pesos para a temporada. Convertido em dólares, o orçamento de um dos times mais competitivos do país varia de US$ 9 milhões (na taxa não oficial ou “azul”) a US$ 18 milhões (na taxa oficial).

Arturo Vidal, craque chileno que deixou a Inter de Milão na Itália e foi procurado pelo Boca como reforço de sua equipe este ano, recebe US$ 285 mil por mês (cerca de US$ 3,5 milhões anuais) pelo Flamengo, time brasileiro que assumiu a prova . Velez nas semifinais da Copa Libertadores. E nem é o maior contrato do time: antes de Vidal há outro ex-craque do Inter, Gabriel Barbosa, o atacante que está há mais de quatro anos na seleção brasileira e que disputará sua terceira final da Copa Libertadores (já jogou contra River, em 2019, e contra o Palmeiras, em 2020) ainda este ano.

Mas enquanto o Flamengo exagera essa diferença astronômica entre as economias de clubes brasileiros e argentinos, também há exemplos impressionantes dentro do lado do outro lado que chegaram à final do torneio continental mais importante. A maior estrela até agora é Fernandinho, o volante que há três meses conquistou a Premier League com o Manchester City e agora está a apenas uma partida de levantar a Libertadores. O Paranaense chegou à final apenas uma vez antes, em 2005, contra o São Paulo. Há dezessete anos, o jovem Fernandinho jogava no meio-campo.

Quatro dos últimos cinco campeões da Libertadores foram brasileiros: Grêmio em 2017, Flamengo em 2019 e Palmeiras em 2020 e 2021. Será este ano também. Só o River Plate, em 2018 e na memorável final contra o Boca em Madrid, conseguiu quebrar esse domínio. Uma exceção que reforça a regra: as equipes brasileiras estão cada vez mais se distanciando de seus rivais argentinos.

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