BREAKING IN BRAZIL – BRINK – Conversas e insights sobre negócios globais

Em 8 de janeiro, uma multidão de extremistas tomou o Palácio Presidencial, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal após a posse do presidente Iñácio Lula da Silva. Os apresentadores do podcast Altamar, Peter Schechter e Mooney Jensen, conversam com Ricardo Sines, economista, analista político e especialista em Brasil sobre como o Brasil está lidando com essa encruzilhada política quando o país está mais dividido do que nunca.

As notícias ao redor do mundo centraram-se nos protestos violentos no Brasil daqueles que rejeitaram os resultados das eleições e tentaram derrubar o governo do presidente Lula após a transição presidencial (soa familiar?). Os motins foram, na melhor das hipóteses, um colapso da preparação militar ou, na pior, envolveram a ajuda e a cumplicidade de algumas elites militares e empresariais. Esperamos instabilidade contínua na quinta maior economia do mundo?

Quebra de segurança ou participação?

Os protestos não são estranhos ao Brasil. Começamos perguntando a Sennes o que tornava esse protesto tão diferente de qualquer protesto desde o retorno da democracia em 1985. Ele respondeu: “O que vimos em 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe. A estrutura por trás dos protestos era uma rede muito complexa que conectava diferentes forças políticas – algumas conexões dentro da polícia estadual e, infelizmente, das forças militares.

Especula-se por que as forças de segurança não reagiram durante os protestos. Foi um colapso de inteligência e organização ou um conluio intencional? Sennes disse: “Parte do problema foi a aparente colaboração de várias instituições, por exemplo, o Ministro da Segurança de Brasília, Distrito Federal de Brasília – ele não estava presente durante este protesto. Ele estava tentando não se envolver. Outras unidades de a polícia estadual ou as unidades da força do exército não são totalmente qualificadas. Eles falharam em encontrar informações suficientes e falharam em organizar uma resposta robusta às ameaças.”

estabilidade da democracia brasileira

Então acabou? O perigo para o Brasil e suas instituições democráticas desapareceu? Sines respondeu: “Não, de jeito nenhum. Acho que ainda temos espaço para outra tentativa contra a democracia como esta, ou ainda pior do que tivemos. Ainda temos uma opinião pública forte contra o establishment em geral. Estou falando de cerca de 40% da opinião pública brasileira ter algum tipo de objeção à democracia no Brasil ou ao establishment político em geral.”

Lula, nos próximos quatro anos, todos os dias precisaria cuidar da oposição na sociedade.

Peter Schechter, do Altmar, questionou sobre as inegáveis ​​semelhanças entre o Brasil e os Estados Unidos, considerando o ataque ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021. Foi derrotado nas últimas eleições de meio de mandato. Será que o mesmo acontecerá no Brasil? As opiniões das pessoas vão evoluir ou isso vai continuar diminuindo? Senes reconheceu que o fluxo de notícias falsas que depreciam os sistemas do governo brasileiro não deve desaparecer tão cedo. Na verdade, agora temos diferentes grupos com diferentes líderes que podem traçar suas próprias estratégias contra a democracia. Obviamente, não há um único líder por trás deles. Mas não sabemos como eles serão coordenados no futuro.”

E o Bolsonaro?

Qual o lugar do ex-presidente Bolsonaro nesse quadro de oposição dividida? Sennes disse: “Ele não faz parte de uma organização nacional forte ou que tenha uma estratégia clara. Eu defino Bolsonaro como um líder de um movimento muito público. Ele não tem uma agenda clara ou uma estratégia política clara. O que Bolsonaro fez foi catalisar alguns desses movimentos que estão por aí. A gente tem um senso de comunidade.” . Temos uma crise econômica prolongada. O próprio Bolsonaro não é o líder estratégico. Ele é o líder da história.”

Mooney Jensen, do Altamar, perguntou: “E o papel do judiciário no Brasil? Alguns brasileiros de centro-direita reclamam que o judiciário está em perigo, que é cheio de simpatia pela esquerda e tem sido um catalisador da impunidade.” Sines disse: “Temos no Brasil o que chamamos de ativismo judicial. Isso significa que o judiciário está pressionando as agendas. Eles estão realmente tomando decisões até mesmo contra outras autoridades constitucionais. Por exemplo, algumas das decisões que o Supremo Tribunal tomou em os últimos anos foram basicamente decisões que deveriam ser tomadas pelo Congresso. Mas nós temos essa situação desde antes da presidência do Bolsonaro”.

O paradoxo do presidente Lula

E se não? Ele tem um legado complicado. Ele é um salvador ou continuará sendo um dos principais artífices do maior escândalo de corrupção da história da região? Ele é transformador ou apenas inteligente? Nosso convidado respondeu: “É os dois… Ele é uma espécie de líder. Ele tomou decisões importantes nas políticas positivas que criou. Ele lutou contra a fome e a pobreza. Acho que isso era óbvio. Ele fez isso, mas ao mesmo tempo ele é o líder do escândalo de corrupção mais importante do Brasil. É óbvio.” Então Lola é uma espécie de oxímoro.”

América Latina em geral

Essa insatisfação com as condições econômicas, sociais e políticas não está presente apenas no Brasil. É galopante em toda a América Latina, com protestos ameaçando a estabilidade. O que nosso hóspede vê acontecendo na área? “Trata-se da capacidade dos países latino-americanos de processar o que aconteceu após a quarta revolução tecnológica”, disse Sines. “Desde a década de 1990, o que temos visto nos países latino-americanos é um processo de desindustrialização, um processo estava desorganizado. Então, agora temos escassez de oferta.” Bons empregos no Brasil, Argentina, México, Peru, etc. Temos um aumento da desigualdade nessas sociedades.”

futuro do brasil

Então, qual é a previsão do Sines sobre as perspectivas política e econômica do governo Lula? Ele respondeu: “Não estou muito otimista. Acho que [President] Lula conseguiria formar uma coalizão no Congresso que apoiaria seu governo. Mas, ao mesmo tempo, acho que Lula, nos próximos quatro anos, precisa cuidar todos os dias da dissidência da sociedade. Acho que esses problemas que temos visto ultimamente… não vão acabar. [President] Lula vai precisar combinar uma gestão tradicional ou regular com essa luta permanente contra uma oposição muito forte e violenta no Brasil. Acho que, infelizmente, isso afetará a capacidade do Brasil de restaurar o desenvolvimento econômico nos próximos anos. … Não esperamos nenhuma mudança grande e forte. Acho que voltar à vida normal será um grande sucesso para Lola”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *