Brasil quer regulamentar conteúdo monetizado online – Oficial

SÃO PAULO (Reuters) – O governo brasileiro está considerando a possibilidade de regulamentar plataformas online com conteúdo gerador de receita, como anúncios, disse o ministro de Política Digital, João Brandt, nesta sexta-feira.

A ideia seria responsabilizar um regulador dessas plataformas, e não os consumidores, pelo conteúdo monetizado, disse Brandt à Reuters.

Outro objetivo é “impedir que as redes sejam usadas para divulgar e promover crimes e conteúdos ilegais”, especialmente após tumultos de apoiadores do ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro em Brasília em janeiro, alimentados por desinformação sobre as eleições que ele perdeu em outubro. .

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também pretende responsabilizar as empresas por impedir desinformação, discurso de ódio e outros crimes em suas plataformas de mídia social, disse Brandt. Ele disse em entrevista que as plataformas não serão responsáveis ​​pelo conteúdo individualmente, mas pela diligência com que protegem o “ambiente digital”.

Brandt não detalhou como seria o regulador, mas disse que o governo quer regular o conteúdo monetizado e impedir que as plataformas espalhem desinformação.

“O que a autoridade vai fazer é fiscalizar se as plataformas estão cumprindo bem suas obrigações, e não lidar com conteúdos individuais postados pelos usuários. Isso deve caber à Justiça”, disse.

Brandt não especificou que papel o judiciário desempenharia no combate à desinformação.

Qualquer proposta exigiria mudanças no marco regulatório da lei de 2014 conhecida como “Marco Civil” que rege a internet no Brasil e protege os direitos dos usuários.

A seção 19 da Lei isenta as plataformas de responsabilidade legal “por danos resultantes de conteúdo criado por terceiros”, a menos que haja uma ordem judicial específica para remover o conteúdo.

Para Brandt, o quadro atual “gera um incentivo para que as plataformas se desvinculem do espaço de debate público”.

Ele disse que a falta de responsabilidade pelo conteúdo promovido, monetizado ou apresentado como publicidade deve ser reconsiderada, acrescentando: “Para eles, não assumir qualquer responsabilidade por esse conteúdo é muito ruim”.

O Supremo Tribunal Federal debate a constitucionalidade do artigo 19 desde 2017, com base em uma ação movida pela Meta Platforms Inc (META.O) Meta, proprietária do Facebook e do WhatsApp.

A Meta questionou sua responsabilidade por remover conteúdo sem decisão judicial em um caso envolvendo um perfil falso no Facebook. O tribunal marcou uma audiência pública sobre esta questão para 28 de março.

(Esta história foi reformulada para corrigir uma assinatura)

Reportagem adicional de Victor Pinheiro, Deborah Illy e Bernardo Barbosa; Edição de David Gregorio

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