Brasil Favela Start-Up entrega encomendas onde outros temem pisar

Por Leonardo Benassatto

SÃO PAULO, Brasil, qui. 2 de dezembro de 2021 (Reuters) – Durante anos, esse labirinto de vielas estreitas e casas de blocos de concreto empilhadas precariamente estava fora dos limites das empresas brasileiras de entrega de comércio eletrônico, era considerado intransitável e perigoso.

Mesmo com os pedidos pela Internet crescendo durante a pandemia, os moradores de Paraisópolis, uma comunidade pobre de 100.000 pessoas no coração de São Paulo, muitas vezes encontravam seus códigos postais rejeitados quando chegavam ao caixa online.

“Eles bloquearam esta região, considerando-a uma área de risco”, disse o morador de 21 anos Givanildo Pereira Bastos em entrevista à Reuters Next.

Para resolver o problema, Pereira criou a Favela Brasil Xpress, uma empresa de entregas disposta a ir onde outros não vão.

As encomendas chegam a um centro de distribuição antes de serem classificadas e entregues ao seu destino final, às vezes navegando pelas ruas estreitas de tuk-tuk ou bicicleta. Ocasionalmente, as entregas devem ser feitas a pé.

O Favela Brasil Xpress possui 90 funcionários em Paraisópolis, todos moradores da comunidade. Em todo o país, a empresa atua em mais de meia dúzia de comunidades informais pobres – conhecidas como favelas – nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Pereira espera expandir ainda mais.

“Não tínhamos ideia de quanto os moradores das favelas consomem por meio do comércio eletrônico”, disse Pereira. “Só em Paraisópolis, são cerca de 800 entregas por dia.”

Mas encontrar endereços nem sempre é fácil, mesmo para um morador como Pereira.

“Até eu tive alguma dificuldade em fazer entregas”, disse ele, lembrando da demora em localizar a casa de um homem que esperava há quatro meses por uma máquina de pagamento com cartão. Quando chegou, o negócio do homem havia fechado.

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Pereira espera que sua empresa possa contribuir para reduzir a desigualdade aqui.

“Não queremos que haja dois Brasis. … Queremos viver em um Brasil, onde um morador de favela tenha os mesmos direitos que alguém que mora em um bairro rico.”

(Reportagem de Leonardo Benassatto, reportagem adicional de Patricia Vilas Boas, roteiro de Stephen Eisenhammer; edição de Richard Chang)

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