BRASÍLIA (Reuters) – O presidente do Banco Central do Brasil, Diego Gillen, descartou nesta segunda-feira que os formuladores de política monetária abandonarão as taxas de juros como uma ferramenta política futura em um momento em que o ciclo de aperto monetário está chegando ao fim.
“O banco central continua a possuir o instrumento (a taxa de juros). Vamos avaliar no futuro qual é o melhor uso do instrumento”, disse Guillen, diretor de política econômica, durante um evento organizado pelo Credit Suisse.
“Não se trata de desistir da máquina”, acrescentou.
A afirmação veio após um questionamento sobre como o banco central vai lidar com um cenário incerto sem mais política monetária, após comunicados oficiais de que sua estratégia de combate à dupla inflação inclui elevar a taxa de juros final e mantê-la nesse patamar por mais tempo.
O banco central elevou sua taxa básica de juros para 13,25% em junho, de uma baixa recorde de 2% em março de 2021, e já começou a aumentar outra em agosto.
Sem indicar especificamente se esse é o eventual aumento, os formuladores de políticas também enfatizaram a necessidade adicional de manter os preços “em território significativamente deflacionário” por mais tempo para aproximar a inflação em 2023 da meta oficial.
Gillen observou que a estratégia continua a mesma e que o banco central disse que “perseverará” nessa tarefa até que as expectativas de inflação sejam “estabilizadas”.
Enquanto os formuladores de políticas veem a inflação em 2023 em 4%, economistas privados em uma pesquisa semanal do banco central esperavam que fosse de 5,13%, contra uma meta oficial de 3,25%.
Gillen afirmou que a diferença se deve às premissas do banco central para petróleo, choques em bens industriais e taxa de juros neutra.
Ele também disse que grande parte do desempenho acima do esperado da economia brasileira decorre dos efeitos transitórios associados à normalização após a pandemia.