Brasil atravessa 400.000 mortes por Covid-19 com o fim das vacinas

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O Brasil se tornou na quinta-feira o segundo país a ultrapassar 400.000 mortes depois dos Estados Unidos, e especialistas alertaram que as perdas diárias podem permanecer altas por vários meses devido à vacinação lenta e ao afrouxamento das restrições sociais.

O Brasil registrou 3.100 novas mortes por COVID-19 na quinta-feira, elevando o número total de mortes desde o início da epidemia para 401.186, informou o Ministério da Saúde do Brasil.

Uma onda brutal de infecções por coronavírus este ano levou os hospitais de todo o país ao limite de sua capacidade e levou a 100.000 mortes em pouco mais de um mês.

As mortes por COVID-19 no Brasil caíram ligeiramente de um pico de mais de 4.000 em um único dia no início de abril, o que levou muitos governos locais a diminuir os bloqueios.

Mas especialistas em doenças infecciosas alertaram que essa redução manterá o número de mortes altas por meses, já que as vacinas por si só não podem conter o vírus. Dois especialistas disseram esperar que a média de mortalidade continue acima de 2.000 pessoas por dia.

“O Brasil vai repetir o mesmo erro do ano passado”, disse o epidemiologista Pedro Hallal, que conduziu um estudo nacional sobre o COVID-19.

“O que o Brasil vai fazer agora? Volte ao afrouxamento das restrições e isso vai nos estabilizar em 2.000 mortes por dia, como se 2.000 mortes por uma única doença em um dia fossem normais.”

A Índia recentemente ultrapassou o Brasil em mortes diárias médias, embora o Brasil tenha um pedágio cumulativo mais alto, apesar de ter uma população de um sexto da Índia.

O motivo do aumento do número de infecções se deve à variante do vírus Corona P.1 descoberta no Brasil, que se acredita ser 2,5 vezes mais contagiosa do que a versão original.

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O lançamento da vacina, com apenas cerca de 13% das pessoas recebendo uma única injeção até agora, não foi suficiente para conter a propagação sem restrições sociais, disse Diego Xavier, pesquisador do instituto estadual de saúde Viecruz.

Ele também previu que mais de 2.000 mortes por dia se tornariam a norma sem uma aceleração significativa nas vacinações, como foi visto em países como os Estados Unidos.

Os especialistas atribuem o número de mortos ao fracasso do governo – do presidente Jair Bolsonaro a muitos governadores e prefeitos – em lançar uma resposta forte o suficiente à pandemia.

“O preocupante é a velocidade com que o número de mortos está aumentando.”

“Chegamos a esse número de 400.000 mortes devido à incompetência administrativa deste governo, liderado pelo presidente”, disse Jamal Suleiman, médico do Instituto de Infecção Emilio Ribas.

Bolsonaro minimizou a gravidade do vírus desde o início, opôs-se a medidas restritivas de bloqueio, não endossou fortemente as máscaras e apenas recentemente adotou as vacinas.

A campanha de vacinação vacilou com o Ministério da Saúde no final de semana dizendo que 30% menos vacinas foram recebidas do que o esperado no período de janeiro a abril.

Muitos municípios ficaram sem vacinas e não puderam dar a segunda vacinação conforme planejado, enquanto outros viram longas filas, pois muitas pessoas temiam que os suprimentos não durassem.

Bolsonaro insiste que o país deve voltar aos negócios normalmente, argumentando que as dificuldades econômicas enfrentadas pelos brasileiros não são menos graves do que a própria pandemia.

O Senado lançou esta semana uma comissão especial para investigar possíveis irregularidades na resposta do governo à pandemia e prometeu convocar atuais e ex-funcionários do governo Bolsonaro para testemunhar.

(Reuters)

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