Bienal Naïfs do Brasil: riqueza material do fundo do Brasil – Anúncios

Bienal Naïfs do Brasil [Biennial of Naïve Art of Brazil]A mostra, que é um projeto contínuo de valorização da produção folclórica cultural brasileira, abrirá sua décima quinta edição para visita pública no dia 27 de novembro. Realizada pelo Sesc São Paulo desde 1992 em sua unidade em Piracicaba, Brasil, a Bienal reúne artistas de diferentes regiões do país, destacando e mapeando obras de temática folclórica na paisagem contemporânea. Em seus quase 30 anos de vida, o projeto tornou-se uma referência em termos de acesso, sensibilização e promoção do estudo de expressões criativas de caráter vernacular.

Com curadoria das pesquisadoras Anna Avillar e Renata Velento, esta edição do evento traz uma reflexão a partir da justaposição de duas perspectivas conceituais distintas: a de Aelton Crenac – pensador que contempla o modelo de vida dos povos indígenas nas terras brasileiras em relação à o modelo capitalista ocidental – e o de Arthur Danto, o pensador neo-hegeliano, interessado Revisar o conceito ontológico de arte no cenário contemporâneo com referência ao esgotamento da ideia de uma narrativa histórica unificada. titulado Idéias para atrasar o fim da arte [Ideas to Postpone the End of Art], a atual edição da Bienal Naïfs do Brasil reúne narrativas divergentes para estimular a formulação de novas epistemologias para a geração de conhecimento. O projeto curatorial articula, assim, os diversos campos de produção e pensamento de forma a evidenciar o pluralismo e a diversidade que caracterizam os processos criativos na cultura brasileira.

Algumas das obras apresentadas na mostra foram selecionadas por meio de uma chamada aberta para inscrições, enquanto outras foram selecionadas por artistas que foram especialmente convidados a participar. Segundo os curadores, a seleção das obras para esta edição do evento foi feita com base no critério de representação. A formação dos artistas é observada, enfocando as áreas em que trabalham, suas afirmações raciais e étnicas, suas idades, temas e os materiais de seu trabalho. O processo permitiu a seleção de mais de 100 artistas, cujas obras são vistas como compartilhando linhas de questionamento sobre os eixos de organização da mostra. Essas linhas comuns incluem uma discussão do ambiente natural e um interesse nas relações do homem com a natureza; A presença da mulher como força social, divindade e figura sagrada em vários contextos sociais e religiosos; os direitos humanos e os abusos estruturais históricos que continuam a moldar nossa sociedade; Espaços comunitários e de socialização em ambientes rituais, festivais e cerimoniais; e o debate sobre objetividade e utilidade, num espaço onde edifícios industriais e artesanais andam de mãos dadas.

A décima quinta edição da Bienal homenageia Lilla Coelho Fruta e Ana May Barbosa, pensadoras brasileiras cujas pesquisas consideram o artista como pessoa, visualizando a produção artística de forma mais humana e plural. Leda Catunda e Sonia Gomes também são homenageadas, com trabalhos pioneiros que se envolvem com o universo da arte naïf. Além disso, a mostra de setembro apresenta o Ateliê do Artista como um espaço de criatividade com múltiplas possibilidades, trazendo para o espaço expositivo trechos dos estúdios das artistas Carmela Pereira, Raquel Trindade e Saniba.

Nesses anos de continuidade da Bienal, o Sesc São Paulo contribuiu para a estruturação de um sistema de artes populares, a partir da formulação de uma narrativa centrada nessas expressões, ao mesmo tempo em que promoveu plataformas de debate e teorização, dado o quão historicamente dita ingênua as produções artísticas foram marginalizadas por meio de discursos e configurações institucionais. Para tanto, destacando o amplo legado da cultura tradicional, investigando a engenhosidade e habilidade do artesanato popular e reconhecendo o poder estético das investigações fora dos cânones europeus ou códigos artísticos especializados, a Bienal Naïfs do Brasil proporcionou acesso repetido a uma riqueza de material do Brasil profundo.

No momento, a visita pessoal às exposições nas unidades do Sesc São Paulo só pode ser feita mediante agendamento prévio online, seguindo os protocolos estabelecidos pelas autoridades locais para o combate ao COVID-19.

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