Por Gabriel Boren
BINOS AIRES (Reuters) – O banco central do Brasil deve manter sua taxa básica de juros em um ciclo de alta de 13,75 por cento nesta quarta-feira e deve manter uma postura agressiva no próximo ano para aliviar as expectativas de inflação, mostrou uma pesquisa da Reuters.
Será a primeira parada em uma campanha de aperto que viu a taxa de câmbio aumentar em um total de 1.175 pontos base desde o início de 2021, quando o Brasil já passava por fortes dores inflacionárias que agora afetam as principais economias do mundo.
O comitê de política monetária do banco, conhecido como Cobom, deixará a Selic em 13,75%, segundo a maioria de 24 dos 32 economistas consultados de 12 a 15 de setembro. Uma minoria de oito teve um aumento de 25 pontos base para 14,0%.
Com os aumentos de preços começando a desacelerar no Brasil, os formuladores de políticas se sentem pouco inclinados a adotar uma abordagem mais dura por parte do Federal Reserve dos EUA. Eles também estão relutantes em tomar medidas potencialmente disruptivas antes das eleições presidenciais de outubro.
Mas o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse na semana passada, em tom sóbrio, que também não está considerando flexibilizar a política, porque sua prioridade continua sendo trazer a inflação de volta às metas oficiais.
“O Coboom indicará que manterá a Selic inalterada até agosto, mantendo um bom spread sobre os preços internacionais e níveis de preços reais favoráveis também”, disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management.
Os amplos diferenciais das taxas de juros do país ajudaram a estimular algumas entradas de capital este ano, ajudando a apoiar a moeda local e os mercados locais antes das eleições do próximo mês, quando o presidente Jair Bolsonaro buscará um segundo mandato.
Os preços ao consumidor brasileiro caíram em agosto pelo segundo mês consecutivo devido aos menores custos de combustível. Nos 12 meses até agosto, a inflação foi de 8,73%, abaixo dos 10,07% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
No entanto, o ritmo ainda é muito superior à meta oficial de 3,5% para 2022. A perspectiva para o próximo ano também é questionável, com expectativas indicando uma taxa de inflação esperada de 5,17%, segundo pesquisa do Banco Central, contrariando expectativas. 3,25% parecer oficial para o ano de 2023.
O descontentamento com a alta inflação tem sido um fator importante por trás das classificações consistentemente ruins de Bolsonaro nas preferências dos eleitores. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém forte liderança nas pesquisas de opinião.
Aproximar-se da votação é um motivo para a regressão de curto prazo do Copom, evitando qualquer decisão que possa causar ondas – especialmente depois de um lote de dados surpreendentemente forte na economia número 1 da América Latina.
No entanto, uma estratégia prudente do banco central significa que a Selic deve permanecer nos dois dígitos por mais de um ano antes de cair para 9,50% no segundo trimestre de 2024, mostraram as estimativas trimestrais da pesquisa.
(Reportagem e pesquisa de Gabriel Boren em Buenos Aires; edição de Jonathan Cable e Andrea Ricci)