Acontecimentos financeiros influenciam as decisões do Banco Central do Brasil por meio do balanço de riscos, disse gestor à Reuters

BRASÍLIA (Reuters) – O diretor do Banco Central do Brasil, Diogo Guillen, disse nesta terça-feira que os mercados estão mais sensíveis às notícias financeiras e que os desenvolvimentos financeiros informam as decisões das autoridades por meio de um balanço dos riscos de inflação.

Falando em evento promovido pelo JPMorgan, Guillen, diretor de política econômica, disse que, no curto prazo, o banco central está analisando como o estímulo fiscal afetará a atividade e como isso se traduzirá em mais inflação.

Ele acrescentou que o foco de longo prazo é a credibilidade da estrutura financeira.

Seus comentários foram feitos no momento em que a equipe de transição de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva negocia mais orçamento para gastos com assistência social em 2023, em um alívio de bilhões de dólares do teto constitucional de gastos, que é visto como a principal âncora fiscal do país.

O pacote deixou o mercado inquieto com a falta de compromissos no controle dos gastos públicos, o que poderia levar a dívida brasileira a níveis recordes e forçar uma mudança na política monetária.

Guillen disse que as políticas fiscais podem afetar a moeda brasileira, alterar as expectativas e afetar diretamente a inflação por meio dos gastos.

Após a decisão do banco central de interromper o aperto monetário em setembro, após elevar as taxas de juros para 13,75%, de uma baixa recorde de 2% em março de 2021, Guillen reconheceu que “temos uma política monetária muito restritiva”.

Ele observou que isso indica que a inflação cairá para um nível próximo à meta oficial, apesar de ainda estar alta, destacando que o banco central fará tudo o que for necessário para atingir essa meta.