A pequena parte do Brasil é para sempre Ucrânia

A comunidade ucraniana no Brasil é a terceira maior comunidade ucraniana do mundo.

Qualquer viajante que se aprofunde no estado do Paraná, no sul do Brasil, provavelmente encontrará uma visão incomum para a região.

Lá, em 5.000 quilômetros quadrados de terra rural, a maior parte da comunidade ucraniana de 600.000 pessoas vive no Brasil.



Aldeias ucranianas – conhecidas como colônias – servem como uma cápsula do tempo para a Ucrânia do século XIX. Igrejas de madeira com cúpulas em forma de cebola dominam o campo, junto com as típicas casas camponesas ucranianas. Aos domingos, as igrejas frequentam as congregações vestindo vyshyvanka.

Até a forma do ucraniano falado no Brasil foi congelada no tempo, idêntica a um dialeto falado na região histórica da Galícia há mais de 100 anos.

A região de Prudentópolis, que abrange a maior parte do território desta comunidade, é o ponto focal da diáspora ucraniana. Na capital provincial que leva seu nome, aproximadamente 75% da população é de origem total ou parcial ucraniana. No início de outubro, as autoridades federais brasileiras concederam um status oficial conjunto à língua ucraniana no município de Prudentópolis.

Para o Brasil

Os ucranianos começaram a emigrar para o Brasil no final do século XIX. Posteriormente, sucessivos governos brasileiros vêm fazendo grandes esforços para incentivar a imigração europeia, oferecendo-se até para pagar as despesas de viagem como forma de atrair alguns dos europeus mais pobres, incluindo os ucranianos.

Ele acabou se mudando para o Brasil da Galiza. A região agora inclui os oblasts ucranianos de Lviv, Ivano-Frankivsk e Ternopil, e fazia parte do Império Austro-Húngaro e os ucranianos muitas vezes se viam marginalizados por sua relutância em se integrar ao império mais amplo.

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Chegando ao Brasil, tendo prometido comida, roupas e acesso a terras férteis, os imigrantes logo descobriram que isso não era verdade. Em vez disso, eles foram colocados em terras não cultivadas, longe da civilização urbana. Invadindo um ambiente desconhecido, a falta de conhecimento de como cultivar o solo, nos primeiros anos muitos sucumbiram à doença e à fome.

Este sofrimento foi imortalizado em uma série de poemas intitulados Para o Brasil O respeitado poeta ucraniano Ivan Franko (em homenagem à cidade de Ivano-Frankivsk).

A imigração desacelerou após as primeiras ondas dessas teses, e o Canadá se tornou um destino mais popular.

No entanto, muitos ucranianos continuaram a chegar ao Brasil a cada ano, incluindo dezenas de milhares de trabalhadores importados pelo governo brasileiro para construir uma ferrovia de São Paulo ao Rio Grande do Sul, passando pelo estado do Paraná dominado pela Ucrânia.

Uma onda final de imigração ocorreu no final da década de 1940, principalmente de nacionalistas ucranianos que temiam a perseguição pela União Soviética.

Preservar a língua e a cultura

Nos 150 anos desde que os ucranianos chegaram ao Brasil, a comunidade conseguiu manter sua língua, cultura e costumes. Isso contrasta fortemente com a vizinha Argentina, onde a comunidade ucraniana de cerca de 300.000 pessoas (incluindo o lendário técnico de futebol José Pekerman, que treinou a Argentina na Copa do Mundo de 2006) foi amplamente absorvida.

Segundo o professor Gustavo Vizcaya de Lacerda, sociólogo da Universidade Federal do Paraná, o principal motivo da preservação da cultura ucraniana no Brasil é o papel da igreja.

A maioria dos ucranianos brasileiros pertence à Igreja Greco-Católica Ucraniana, cujos ritos são quase idênticos aos das igrejas ortodoxas orientais, mas mantêm a fidelidade ao Papa. Hoje existem pelo menos 230 igrejas greco-católicas no estado do Paraná.

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Igreja ucraniana em Curitiba, Paraná, Brasil

Estes são pontos focais da comunidade e oferecem aulas regulares de língua e história ucraniana, permitindo que a comunidade retenha sua cultura. Além disso, os brasileiros ucranianos são conhecidos por serem indiferentes. Eles se distinguem como “nashi lyudi” (nosso povo), em oposição a “negro”: seu termo para todos os forasteiros, independentemente de raça ou etnia.

Esse isolamento e relutância em se misturar com a população em geral certamente ajudou a comunidade a manter sua identidade, ao contrário dos inúmeros povos que habitam e assimilam o Brasil.

No entanto, muitos ucranianos-brasileiros tornaram-se membros proeminentes da sociedade brasileira. Clarice Lispector, descendente de judeus ucranianos, é uma das romancistas mais respeitadas do Brasil. Rafael Sopes é um ex-futebolista brasileiro que ganhou a Copa Libertadores com o Internacional.

Depois, há Hector Babenko, um diretor de cinema brasileiro naturalizado argentino, mais conhecido por produzir um filme impressionante e perturbador. PixotSobre as crianças de rua em São Paulo.

Hoje, o estado do Paraná está construindo ativamente relações com o Território Ternopil da Ucrânia, de onde são muitos ucranianos-brasileiros.

Como o ucraniano agora tem status oficial em toda a região e as escolas públicas ensinam no idioma ucraniano, a comunidade tem a chance de estabelecer laços mais profundos com sua terra natal ancestral.

Talvez o governo ucraniano também deva cuidar dessa comunidade, porque os guardiões de uma antiga identidade ucraniana, em grande parte, se perderam no tempo.


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