A novela brasileira ‘Avenida Brasil’ fatura bilhões ao refletir a vida de seus telespectadores

Enquanto milhões de pessoas no Brasil se preparam para votar no segundo turno das eleições para prefeito em cidades importantes como São Paulo, para não mencionar o veredicto há muito aguardado sobre um escândalo de corrupção governamental de meados dos anos 2000 conhecido como ‘Minçao’, a política é presumivelmente proeminente. Nos tópicos quentes de hoje que os brasileiros discutem.

Acontece que não é esse o caso. A pergunta que quase todo mundo faz hoje em dia é: “Qual será o fim da carmineha?” ou “Quem matou Maxwell?” Todas essas questões estão relacionadas à série de TV mais assistida do país no momento, a novela “Avenida Brasil”. Voltado para a nova classe média brasileira, usualmente chamada de “Classe C”, o “Avenida Brasil” se tornou um fenômeno ao focar nos personagens que vivem nos subúrbios do Rio de Janeiro, e não nos abastados, algo novo no cobiçado horário nobre da televisão.

Com uma audiência média de cerca de 46 milhões de telespectadores a cada noite e uma participação de mercado de 65%, o “Avenida Brasil” deve causar um apagão esta noite. Seu último capítulo será transmitido pela TV Globo, a maior emissora do Brasil, e com base no aumento do consumo de energia registrado em episódios anteriores – até 5% em todo o país – funcionários do governo estão preocupados que as empresas brasileiras de eletricidade não atenderão sua demanda por serviços de energia enquanto a transmissão “Avenida Brasil” está no ar, devido ao turbulento cenário energético do país.

Mas, o único lugar onde não há preocupações? A sede da TV Globo, com o nome “Avenida Brasil”, bateu o recorde de novela de maior sucesso comercial da história do Brasil. Com dezenas de anunciantes proeminentes como Procter & Gamble Pagando até US $ 400.000 por um comercial de 30 segundos, a novela arrecadou quase R $ 1 bilhão (US $ 500 milhões) em sua exibição de sete meses. Com mais de 500 anúncios publicitários realizados por sua rede de emissoras, o lucro total do “Avenida Brasil” deve chegar a dois bilhões de reais (US $ 1 bilhão), apurou com exclusividade a Forbes. É uma quantidade inédita não só no Brasil, mas em toda a América Latina, onde as novelas são uma espécie muito popular. E considerando que uma temporada de novelas de 180 episódios custou cerca de US $ 45 milhões, é uma margem de lucro impressionante.

Claro, houve outras novelas de sucesso antes de “Avenida Brasil”, mas nenhuma assim. Especialistas acreditam que a escolha da TV Globo para veicular uma novela, cuja vida de personagens se reflete na audiência, foi um fator decisivo para seu sucesso. “A televisão brasileira sempre teve personagens suburbanos desde os anos 1970 e 1980. O que é diferente agora é que as redes de televisão convencionais se concentram muito mais no que os marqueteiros chamam de ‘nova classe média’, ou terceira classe”, diz Heluisa Puarque Almeida, professora de antropologia na Universidade de São Paulo. “Esse é um segmento da população que cresceu economicamente desde os anos do governo Lula e está consumindo muito mais agora”.

Isso só faz sentido. À medida que a economia brasileira cresce e os programas de crédito e transferência de renda do governo se tornam mais amplamente disponíveis, 35 milhões de pessoas ingressaram nos últimos anos em uma classe média em expansão. Isso não perdeu de vista os profissionais de marketing, que estão sempre ansiosos para atingir essa nova massa de consumidores brasileiros. Prova disso são os inúmeros comerciais das novas TVs de tela plana, celulares e geladeiras que aparecem quando o “Avenida Brasil” é veiculado.

Isso de alguma forma contradiz a crença popular entre os diretores de televisão, de que o público exige representações errôneas de um enredo nefasto ou fictício. Aparentemente no Brasil, eles só querem se assistir.

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